O globo, n.31405, 01/08/2019. Economia, p. 20

 

Azul fica com 15 horários da Avianca em Congonhas 

Geralda Doca 

Leo Branco

Glauce Cavalcanti

01/08/2019

 

 

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) concluiu ontem a redistribuição das 41 licenças de pousos e decolagens —os slots — que eram da Avianca no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o mais movimentado do país. A Azul, que já tem 26 horários no aeroporto, foi contemplada com outros 15.

Companhias menores, que hoje não operam no aeroporto, também foram beneficiadas. A medida é vista no governo como um aforma de reduzira concentração dos horários entre Latam e Gol. Para analistas, isso pode favorecer aquedados preços das passagens, que dispararam coma saí dada A vi ancado mercado este ano.

A Passaredo herdou 14 slots e a amazonense MAP, 12. O órgão regulador também entregou 12 à Two Flex para operar na pista auxiliar de Congonhas.

As três operam com aviões menores e de baixa performance (com menor velocidade de pouso, por exemplo) e terão que comprovar capacidade de atender aos requisitos exigidos em Congonhas, que é voltado para jatos. O prazo vai até 9 de agosto.

Seguindo orientação do Ministério da Economia, a Anac decidiu deixar de fora da redistribuição dos slots Gol e Latam, que dominam quase 90% das operações em Congonhas. Pa- ra isso, o órgão regulador alterou normas, como a que definiu a redistribuição de 100% dos slots para empresas com baixa presença no aeroporto.

A Azul foi a maior beneficiada, mas técnicos da Anac admitem que o efeito sob reas tarifas poderias ermais significativo se ela tivesse levado mais horários em Congonhas. Isso porque as pequenas têm potencial limitado de mexer com os preços. Procurada, a Azul disseque só comentará a redistribuição dos slots após o dia 9.

Segundo fontes do setor, a Azul acredita que sua fatia em Congonhas pode crescer caso as pequenas contempladas ontem não consigam preencher as exigências técnicas para operar no aeroporto, mantendo o ritmo de operação. Se isso acontecer, os slots seriam outra vez redistribuídos.

A Anac aguardava até ontem um parecer técnico da Infraero e da Aeronáutica impondo restrições à entrada de aviões menores em Congonhas, mas as autoridades ainda avaliam o impacto. Um documento da Aeronáutica ao qual o GLOBO teve acesso mostra que a concessão de até quatro slots para pequenos aviões vai exigir que a redução de 33 para 31 movimentos por hora na pista principal para atendera requisitos de segurança. O documento diz ainda que a operação de aviões pequenos em Congonhas não deveria ser permitida nos horários de maior movimento: entre 10h e 12h e 21h e 22h.

MAIOR COMPETIÇÃO

Analistas avaliam que a redistribuição dos slots deve beneficiar o consumidor com preços mais baixos na ponte aérea Rio-São Paulo e também no trecho São Paulo-Brasília. Para Francisco Lyra, presidente do Instituto Brasileiro de Aviação, centro de pesquisas do setor, e sócio da empresa de aviação executiva C.Fly Aviation, Congonhas atualmente é um “superconcentrado”, uma vez que aponte aérea é a quartar ota doméstica com maior frequência no mundo—são mais de 39 mil voos por ano — e a única operada por apenas duas companhias atualmente: Gol e Latam. Na rota entre Seul e Jeju, as duas maiores cidades da Coreia do Sul, por exemplo, passageiros têm sete opções.

—Defendo pelo menos três ou quatro companhias fazendo aponte aérea—diz Lyra.

Cleveland Prates, especialista em concorrência em mercados regulados da FGV- SP, avalia que a maior competição em Congonhas afeta sistemas de atualização de preços das aéreas, cujos algoritmos reagem aos preços das outras na mesa rota. Para David Goldberg, sócio da consultoria em aviação Terrafirma, há chance de queda de preço na ponte aérea, mas seria mais fácil com avanço mais significativo da Azul sobre os slots da Avianca. Ele alerta que o fluxo de Guarulhos (SP) também influencia.

TRÁFEGO DISPUTADO

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