Título: Acusações até o último minuto em São Paulo
Autor: Seffrin, Felipe
Fonte: Correio Braziliense, 27/10/2012, Política, p. 8

Serra e Haddad encerram a propaganda política na TV da mesma forma como começaram: trocando agressões. Em Curitiba, Ratinho Jr. lamenta os errosFelipe Seffrin

São Paulo — No último dia de campanha eleitoral no rádio e na televisão em São Paulo, tucanos e petistas mantiveram a troca de ataques que marcou a propaganda política neste segundo turno. O programa mais agressivo foi o de José Serra. Como nos dias anteriores, os marqueteiros do PSDB insistiram no mote de que Fernando Haddad (PT) vai acabar com as organizações sociais (OS) que administram unidades de saúde na capital paulista. “O PT do Haddad que acabar com as parcerias na saúde. Serra vai fortalecer o trabalho na saúde”, alertou o locutor tucano. A campanha petista acusou o golpe e se defendeu. “As mentiras absurdas inventadas nessa reta final não abalaram a vontade de São Paulo de mudar. Haddad provou que não vai acabar com nenhuma parceria”, rebateu o locutor do PT.

O último programa eleitoral de Serra trouxe outras alfinetadas ao adversário, reforçando o tom agressivo da campanha tucana, derradeira tentativa de virar as pesquisas de intenção de votos que apontam Haddad com vantagem que chega a 15 pontos percentuais. “Haddad quer beneficiar quem tem carro. Serra quer beneficiar quem anda de ônibus”, disse o locutor do PSDB. “São Paulo está longe de ser uma tragédia, como o Haddad quer mostrar todos os dias. Mas é claro que temos condições de melhorar. Eu sei o que temos que fazer”, discursou Serra.

A propaganda petista também aproveitou o último dia na TV para atacar o tucano. “São Paulo cansou de prefeitos de meio expediente e de meio mandato. É por isso que o paulistano quer mudança, quer o novo. Nós somos o novo e vamos fazer São Paulo mudar”, disse Haddad, em referência direta à saída de Serra para concorrer ao governo do estado em 2006 e à Presidência em 2010. A campanha de Haddad também valorizou o apoio do Palácio do Planalto. “A prefeitura de São Paulo não acompanhou o ritmo do Brasil. Não quis e não soube trabalhar bem com o governo federal”, criticou Haddad.

Além da troca de farpas, as duas campanhas também valorizaram os currículos dos candidatos. O programa tucano explorou a história de Serra, relembrando momentos como a participação dele na presidência da UNE, na Assembleia Nacional Constituinte de 1988 e na elaboração do Plano Real. Também foi citada a regulamentação dos remédios genéricos, quando Serra era ministro da Saúde.

O programa petista reforçou o compromisso de Haddad com a população carente e exibiu depoimentos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff.

Erros de campanha Em Curitiba, onde a campanha se deu em um nível mais elevado, sem tantas acusações, Ratinho Junior (PSC) tentou se descolar da imagem de inexperiente, pregada pela campanha do adversário e líder nas pesquisas, Gustavo Fruet (PDT). Apesar do clima otimista, Ratinho Junior já reconheceu, em conversa com jornalistas, os erros da campanha, mas ainda crê na possibilidade de uma virada. Ele foi o mais votado no primeiro turno, com 34,09% dos votos, mas está, hoje, 17 pontos percentuais atrás de Fruet, de acordo com a última sondagem do Datafolha. “Eles jogaram uma sensação de insegurança para a população em relação à minha juventude. Fomos muito cautelosos. Demoramos para reagir”, lamentou.