O globo, n.31377, 04/07/2019. País, p. 05

 

Bolsonaro diz querer Congresso sem 'populismo'

Silvia Amorim

04/07/2019

 

 

Em evento para prestigiar o novo responsável pela articulação política do governo, o general Luiz Eduardo Ramos, o presidente Jair Bolsonaro mandou ontem um recado aos parlamentares de que não irá ceder a pressões. Ele estimulou o Legislativo a fugir de propostas populistas e do “discurso fácil”.

Amigo do presidente há 46 anos, Ramos será empossado hoje na Secretaria de Governo, com a incumbência de cuidar da relação com o parlamento. Esta tem sido uma área problemática do governo, em parte pela queixa dos congressistas em relação a críticas públicas de Bolsonaro ao Congresso.

O presidente não tem dado sinais de que mudará essa linha. Na noite de domingo, ao elogiar as manifestações de rua, muitas delas com críticas a integrantes do STF e ao Congresso. No twitter, o presidente escreveu: “Respeito todas as instituições, mas acima delas está o povo, meu patrão, a quem devo lealdade”. Na segunda-feira, parlamentares reagiram a esta fala, e ontem Bolsonaro falou sobre a relação com o Congresso:

— O senhor terá um dos ministérios mais importantes, que vai fazer a articulação com o nosso Parlamento. Tenho certeza que pela tua presença e seu passado de assessor parlamentar ajudaremos e muito a resgatar a credibilidade de nossas instituições — disse, dirigindo-se a Ramos, que se despedia do Comando Militar do Sudeste.

— Nós, Executivo e Legislativo, temos que dar exemplo.O que precisamos com o Poder Legislativo é o nosso exemplo de votarmos matérias, apresentarmos proposições que fujam do populismo.

Ramos vai substituir o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na articulação com o Congresso:

— Soldado não escolhe missão. Nunca escolhi. Estou sendo convocado e aceito essa nova e desafiadora missão — afirmou o novo ministro da Secretaria de Governo.

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Ex-assessores de ministro querem anular depoimentos

Aguirre Talento

04/07/2019

 

 

A defesa de Roberto Soares e Haissander Souza de Paula, ex-assessores do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, pediu à Justiça Eleitoral para anular os depoimentos prestados por eles na semana passada, no dia em que foram presos temporariamente na investigação que apura o desvio de dinheiro por meio de candidaturas laranjas do PSL de Minas Gerais.

Eles alegam que houve violações aos seus direitos porque foram ouvidos sem advogados. Ambos já foram soltos na última segunda-feira, quatro dias depois da prisão temporária.

Roberto e Haissander relataram o problema durante audiência de custódia realizada na sexta-feira em uma zona eleitoral. Os relatos ficaram registrados na ata da audiência. “Não teve assegurada durante sua oitiva na polícia o direito de assistência por um advogado”, afirmou Roberto Soares ao juiz Anacleto Falci, da 118ª Zona Eleitoral. O ex-assessor disse ainda que pediu aos policiais que aguardassem a chegada de seu advogado, que se deslocaria de Belo Horizonte, mas, segundo seu relato, a PF não teria concordado em esperar e teria tomado seu depoimento mesmo assim.

Haissander relatou que teve uma conversa informal, mas que foi transformada em depoimento sem a presença de advogado, e que não confirmaria formalmente o que disse. “Não confirma as declarações que prestou ao delegado, até porque não foi avisado que prestaria depoimento”.

Suspeito de comandar um esquema de candidaturas laranjas no PSL de Minas, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, disse ontem ter “a consciência 100% tranquila” sobre o caso.

—O que eu posso afirmar é que sempre agi estritamente dentro da legislação eleitoral. Jamais orientei ou sentei com qualquer candidato, orientei qualquer pessoa em meu nome. Então, minha consciência ela é 100% tranquila — afirmou o ministro, em Bonito (MS).