O Estado de São Paulo, n. 45914, 03/07/2019. Política, p.A8

 

Bolsonaro prestigia general Heleno

 

 

 

Julia Lindner

Teo Cury 

03/07/2019

 

 

 

Presidente e general vão juntos a jogo do Brasil em Minas um dia após Carlos Bolsonaro criticar GSI no caso do sargento preso com droga

 

ALEX SILVA/ESTADÃO

Futebol. Jair Bolsonaro e Augusto Heleno (à dir.) durante partida entre Brasil e Argentina no Mineirão

 

O presidente Jair Bolsonaro evitou ontem dar vazão a mais uma crise envolvendo seu filho Carlos Bolsonaro e a ala militar do governo. Após o “02” levantar suspeitas da participação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para acobertar o sargento preso na Espanha com 39 kg de cocaína em um avião presidencial, Bolsonaro demonstrou respaldo ao general Augusto Heleno, ministro da pasta.

Bolsonaro e Heleno evitaram comentar o assunto, mas conversaram reservadamente e apareceram publicamente juntos em pelo menos duas ocasiões. “Pergunta pra ele (Carlos)”, disse o presidente, interrompendo um jornalista que tentou questioná-lo sobre o episódio. Ao seu lado, o general também se negou a falar.

Os dois participaram de reunião no Ministério da Defesa no início da tarde. O encontro foi seguido de um almoço. À noite, Bolsonaro incluiu Heleno na comitiva que foi a Belo Horizonte acompanhar a partida entre Brasil e Argentina, válida pela semifinal da Copa América. No estádio do Mineirão, os dois permaneceram juntos e tiraram fotos com jogadores e dirigentes.

O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que Bolsonaro tem “apreço especial” por Heleno, com quem fala diariamente. “Isso, claramente, deixa ao general Heleno a sensação e a certeza da confiança do presidente no trabalho que ele desenvolve”, disse.

O mal-estar com os militares foi causado por uma postagem de Carlos em suas redes sociais. O vereador do Rio comentou um vídeo em que uma ex-candidata a deputado pelo PSL aponta a participação do GSI no episódio que levou à prisão do segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, flagrado com cocaína em sua bagagem. O militar fazia parte de uma equipe que daria apoio à comitiva presidencial que foi à reunião do G-20, no Japão.

“Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente oferecidos pelo GSI?”, questionou Carlos. Sem citar o nome de Heleno, o vereador do PSC afirmou que a grande maioria dos integrantes do GSI até pode ser bem-intencionada, mas eles “estão subordinados a algo que não acredita”.

 

Militares. Segundo militares do governo, a avaliação é de que Carlos fala sobre assuntos que desconhece e, por isso, não merece crédito. E lembraram que Heleno é considerado uma espécie de mentor do presidente.

Esta não é a primeira vez que Carlos faz ataques a militares que integram o governo do pai. O vice-presidente Hamilton Mourão é alvo frequente do filho “02” de Bolsonaro e o ex-ministro da Secretaria de Governo Carlos Alberto dos Santos Cruz foi demitido após desentendimentos com o vereador.

Em mensagem distribuída ontem e revelada pela revista Época, o general Luiz Eduardo Rocha Paiva, integrante da Comissão de Anistia do governo, chamou Carlos de “idiota inútil” e “pau-mandado do Olavo”, em referência ao guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho.

Procurado, Carlos não se manifestou sobre o assunto./ COLABOROU ALMIR LEITE

 

Onyx

Ao exaltar o trabalho dos 22 ministros, ontem, Bolsonaro citou o chefe da Casa Civil, que vem perdendo espaço.

 

' Sênior'

“O presidente (Jair Bolsonaro) tem apreço especial pelo general Heleno, o tem como um ministro sênior.”

Otávio do Rêgo Barros

PORTA-VOZ DA PRESIDÊNCIA