O globo, n. 31334, 22/05/2019. País, p. 8

 

Bolsonaro decide não participar de manifestações

Gustavo Maia

Natália Portinari

Silvia Amorim

22/05/2019

 

 

Presidente busca evitar associação direta ao governo, e PSL se afasta de atos; João Doria diz que não há razão para ir às ruas

O presidente Jair Bolsonaro decidiu não participar dos protestos convocados por seus apoiadores para o domingo. A informação foi confirmada ontem pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros. Segundo ele, o motivo da ausência é em função de “uma manifestação livre e espontânea”, razão pela qual o presidente “não quer associá-la ao governo”.

“Quanto aos atos do dia 26, vejo como uma manifestação espontânea da população, que, de forma inédita, vem sendo a voz principal para as decisões políticas que o Brasil deve tomar”, escreveu Bolsonaro, à noite, em redes sociais.

Os atos começaram a ser organizados nas redes sociais na semana passada, após a série de protestos na última quarta contra o bloqueio de recursos na Educação pelo governo federal. Nas convocações dos atos pró-governo, partidos do centrão, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) são alvos.

As manifestações foram endossadas por deputados federais como Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e rejeitadas por outros, como a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP).

Ainda não foi divulgado pela Presidência onde Bolsonaro estará no domingo. A previsão é que, na noite de sábado, ele compareça ao casamento de Eduardo, no Rio.

Após Bolsonaro anunciar que não irá às ruas no domingo, o seu partido, o PSL, também deliberou que não apoiará institucionalmente as manifestações. A decisão foi tomada em reunião na sede do partido, com a presença de Luciano Bivar, presidente do PSL, Major Olímpio (SP), líder da sigla no Senado, Delegado Waldir (GO), líder na Câmara, Carla Zambelli (SP), Julian Lemos (PB) e outros parlamentares.

Segundo Bivar, que promete ir à passeata, a decisão foi consensual: o partido deveria apoiar o presidente, mas não endossar institucionalmente a manifestação. A ideia é que pautas como pedidos de intervenção militar, por exemplo, não sejam associados à sigla. O movimento que chamou o protesto é espontâneo, disse Bivar.

Já o governador de São Paulo, João Doria, criticou a manifestação Para ele, o protesto é desnecessário e não ajuda na construção de um ambiente de pacificação política:

— Não vejo necessidade dessa manifestação. Eu respeito, mas não há razão para eu estar lá. Nós precisamos de paz, equilíbrio e compreensão neste momento.