Título: Informes ao Planalto
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 23/08/2012, Política, p. 2

Meses antes de o caso ganhar repercussão nacional, Roberto Jefferson seguiu os conselhos que havia recebido de Miro Teixeira e Ciro Gomes e resolveu contar ao então presidente o que estava acontecendo no Congresso. Foram dois relatos, em janeiro e em março de 2004. Luiz Inácio Lula da Silva sempre esteve acompanhado de algum ministro nesses encontros. Em um deles, estava o então titular do Turismo, Walfrido dos Mares Guia — que, posteriormente, seria transferido para a Secretaria de Relações Institucionais.

Em outro encontro, estavam presentes o então ministro da SRI, Aldo Rebelo (PCdoB) — atualmente titular do Ministério do Esporte —, e o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) — que, coincidentemente, hoje ocupa o mesmo posto. Quando a história foi denunciada pelo Jornal do Brasil, em setembro de 2004, Aldo Rebelo foi ao Congresso para acompanhar possíveis desdobramentos. O então presidente da Casa — atualmente um dos réus do mensalão, João Paulo Cunha (PT-SP) — abriu uma comissão para investigar o assunto. Os trabalhos do colegiado duraram exatamente duas horas.

O petista alegou que o suposto denunciante do esquema, o deputado Miro Teixeira, desmentira ser a fonte das informações e que, por isso, não havia o que ser investigado. Aldo deu o retorno a Lula, que também não teria, segundo os advogados de Roberto Jefferson, se mobilizado para promover uma investigação interna no governo para apurar a denúncia. Hoje, sete anos após o caso se tornar público, o maior escândalo de corrupção do governo Lula volta aos holofotes para definir o destino dos envolvidos. (PTL)