Correio braziliense, n. 20319 , 07/01/2019. Brasil, p.6

Mortes e prisões marcam quinto dia de atentados

 

 

Com reforço de policiais e da Força Nacional, número de ocorrências foi menor ontem, mas uma explosão deixou 12 cidades sem sinal de celular de uma operadora. Dois criminosos foram mortos e 110 estão detidos

Dois suspeitos de ataques criminosos no Ceará, ainda não identificados, foram mortos durante troca de tiros com a Polícia Militar na madrugada de ontem, no bairro Granja Portugal, em Fortaleza. Mais sete pessoas foram presas de sábado para domingo, seis por envolvimento nos atentados. Com as novas capturas, 110 pessoas estão detidas, 76 presas e 34 adolescentes apreendidos, segundo a Secretaria da Segurança Pública do Ceará. Com reforço policial e de tropas da Força Nacional, o número de ocorrência foi menor em relação aos três dias anteriores. Ontem foram oito ataques, dois em Fortaleza, dois na Região Metropolitana, e quatro no interior.

Um dos atentados, no entanto, deixou 12 cidades da região do Limoeiro do Norte sem sinal da operadora TIM, após criminosos explodirem um equipamento da empresa. O aparelho, chamado concentrador, fica na base da antena transmissora de sinal. Conforme a Polícia Militar (PM), o ataque só foi identificado na manhã de ontem, quando um funcionário de uma empresa terceirizada prestadora de serviço para a operadora foi ao local da antena verificar por que a cidade estava sem sinal. Segundo a operadora, o local atacado é “uma importante estação de telecomunicações da companhia”. A Tim lamentou o ocorrido e enviou equipes para restabelecer os serviços.

No combate do bairro Granja Portugal, que terminou com dois bandidos mortos, um policial foi atingido na mão. O caso aconteceu após os suspeitos tentarem atear fogo em um posto de atendimento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Coletes balísticos, um revólver calibre 38, munições deflagradas, coquetéis molotov, galões de combustíveis e um veículo também foram apreendidos pela PM.

Um dos presos foi detido em flagrante por venda irregular de combustível a grupos criminosos. Um caminhão foi apreendido e o homem foi direcionado para a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). “De acordo com as apurações, o suspeito vendia cada galão de gasolina a R$ 70”, afirmou a pasta.

Mais de 100 ataques criminosos ocorreram no estado cearense desde a última quarta-feira. Mais de 20 municípios foram palco dos crimes. Ônibus, agências bancárias, delegacias, equipamentos públicos, veículos particulares, postos de combustíveis e supermercados foram atingidos. Cerca de 300 profissionais de segurança pública e 30 veículos, enviados pela Força Nacional de Segurança, estão reforçando a patrulha policial desde sábado. Em torno de 80 agentes penitenciários também foram enviados ao Ceará pelos governos de outros estados do Nordeste para fortalecer o sistema prisional.

Cem policiais militares de batalhões especializados da Bahia chegaram ao Ceará ontem e ficarão à disposição do governo até 20 de janeiro, segundo decreto assinado pelo governador da Bahia, Rui Costa, que atendeu a uma solicitação do governador do Ceará, Camilo Santana. Os agentes baianos são todos de unidades especializadas em patrulhamento rural e urbano, além de quatro explosivistas.

Investigações

 

Segundo as investigações, a origem dos ataques criminosos estaria ligada ao discurso do titular da recém-criada Administração Penitenciária, Luis Mauro Albuquerque. O secretário afirmou não reconhecer o poder das facções rivais em unidades prisionais distintas. Até o fim de 2018, membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) estavam na Casa de Privação Provisória de Liberdade 3 (CPPL 3), na Região Metropolitana de Fortaleza. Integrantes da Guardiães do Estado (GDE), aliados do PCC no Ceará, eram levados à CPPL 2. Já criminosos ligados ao Comando Vermelho, às CPPLs 1 e 4. Presos sem ligação com quaisquer facções também estão espalhados pelas unidades.