Correio braziliense, n. 20302, 21/12/2018. Economia, p. 6

 

Mais de 850 mil vagas formais criadas no ano

Marília Sena

21/12/2018

 

 

Só em novembro, 58.664 trabalhadores tiveram a carteira assinada, o melhor resultado para o mês desde 2010. Setores de Comércio e Serviços foram os com desempenho positivo. A expectativa é de crescimento maior em 2019
O mercado de trabalho melhorou em novembro. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, foram criadas 58.664 vagas com carteira assinada, o melhor resultado para o mês desde 2010. É o 11º mês seguido com geração de vagas. Para o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes, os números mostram que “o mercado formal está ganhando força”.

No acumulado do ano, foram criados 858.415 empregos no país. Para Bentes, os números demonstram confiança dos empresários para investimentos no ano que vem. “Me parece que parte dessa expectativa positiva começa a deslanchar e está provocando efeito na economia”, afirmou o economista. No Ministério do Trabalho, há expectativa de que o ano terminará com a criação de pelo menos 500 mil empregos com carteira assinada. Em 12 meses até novembro, o Brasil acumula 517.733 empregos.

Para o professor da faculdade de economia da Universidade de São Paulo (USP), Hélio Zylberstajn, apesar de o período de contratações ser sazonal, a notícia é positiva. De acordo com ele, a expectativa é de que, se o novo governo conseguir aprovar as reformas propostas, como a da Previdência e a tributária, esse número continue crescendo, mas ainda em ritmo lento. “Apesar da melhora, ele considera que ainda é muito pouco para o número de desempregados que temos no país”, explicou.

Perda menor

De acordo com Zylberstajn, é possível que o crescimento não se mantenha neste mês, que apresente, inclusive uma queda,  mas menor do que a projetada. “Dezembro é sempre ruim, todo mês a gente perde muito emprego, mas podemos perder menos porque os investidores estão otimistas com a economia”, disse.

O diretor do Departamento de Emprego e Renda do Ministério do Trabalho, Mário Magalhães, comemorou o resultado e avaliou que empresas contrataram mais no mês passado graças ao otimismo com as vendas de fim de ano. Para ele, os dados significam que o ritmo da atividade econômica está acelerado e que, em 2019, o crescimento seja mais “robusto”.

Magalhães minimizou o fato de que apenas esses dois setores tenham contratado no mês passado. Dos oito setores acompanhados pelo Caged, seis fecharam empregos. Entre eles, a indústria de transformação perdeu 24.287 empregos, a agropecuária que fechou 23.692 postos e a construção civil, 13.854 empregos com carteira.

Os setores que registraram melhor desempenho foram: o comércio, com 88.587 novos postos; e os serviços, com 34.319 novas carteiras assinadas. Por região, o Sudeste foi o que mais criou vagas em novembro, seguido do Sul e do Nordeste. O Centro-Oeste ficou com a pior colocação, perdeu 7.537 postos (veja quadro ao lado).

Alguns efeitos da reforma trabalhista foram sentidos em novembro. Houve 13.532 desligamentos mediante a acordo entre empregador e empregado. No mesmo período, no trabalho intermitente, foram admitidos 10.446 trabalhadores contra 2.597 desligamentos na mesma modalidade. Para Zylberstajn, esses dados indicam que a mudança na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estão sendo utilizadas de forma moderada, e que isso é positivo. “Isso é muito bom para mostrar que o Brasil não vai instaurar a lei da selva para os trabalhadores”, explicou.

Salário

O salário médio de admissão em novembro foi de R$ 1.527,41, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), houve um crescimento de 0,21% na renda de admissão, o que corresponde a R$ 3,20. O salário de desligamento foi de R$ 1.688,71, com aumento de R$ 22,44 de acordo com o INPC.

* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira