O globo, n. 31214, 22/01/2019. Economia, p. 14

 

FMI eleva projeção de crescimento para o Brasil

Assis Moreira

Daniel Rittner

22/01/2019

 

 

Estimativa para este ano passa de 2,4% a 2,5%. Fundo ressalta peso da reforma da Previdência. Já economia global terá expansão de 3,5%, abaixo das previsões de outubro, por causa de Brexit e guerra comercial

A economia brasileira poderá crescer 2,5% este ano, mas um risco para a expansão da atividade é se a reforma da Previdência Social não for aprovada, indica o Fundo Monetário Internacional( FMI ). Uma novidade nas projeções atualizadas do Fundoéa revisão par acimado PIB brasileiro—em outubro, a estimativa era de 2,4%. Um aumento pequeno, mas positivo comparado aos sucessivos rebaixamentos dos últimos anos.

Para 2020, o FMI projeta expansão de 2,2% da atividade no Brasil. Com relação a 2018, a estimativa é de que a economia brasileira tenha crescido apenas 1,3%, contra 1,4% projetado em outubro.

—Parte do crescimento em 2019 veio do reforço da economia, do que aconteceu no ano passado, e parte é retomada depois da recessão — afirmou o diretor do Departamento Econômico do FMI, Jean-Marie Milesi Ferretti.

Indagado sobre a estimativa de menor crescimento no ano que vem, ele respondeu que “há questões em aberto”.

Ele citou como exemplos o alto endividamento público e a reforma da Previdência:

— A reforma da Previdência pode não passar — disse. —Mas esperamos que vá passar, é essencial para o Brasil colocar as finanças públicas em bases sustentáveis.

Ou seja, se a reforma da Previdência for aprovada, o país terá melhores condições para continuar crescendo.

OPIB per capita, medida do padrão de vida do brasileiro, poderá crescer 1,4% em 2019 e 1,8% em 2020, conforme projeção do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas. O PIB per capita chegou a sofrer contração de 4,2% em 2016, ilustrando um empobrecimento do brasileiro no rastro da recessão. Depois teve alta de 0,2% em 2017 e de 0,6% em 2018.

Já a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) informou que o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para o Brasil caiu 12% no ano passado, para US$ 59 bihões em 2018. Globalmente, o fluxo recuou 19%.

Para o FMI, a melhora no crescimento da economia brasileira compensa apenas parcialmente a situação na América Latina, diante de menor perspectiva de crescimento no México, na Venezuela ena Argentina. Com relaçãoà economia global, o crescimento será de 3,5% este ano e de 3,6%, em 2020, abaixo dos 3,7% estimados para 2018. Em outubro, as projeções eram de 3,7% para este ano e o próximo.

Essa redução se deve a diversos fatores. Entre os principais, o conflito comercial entre EUA e China e um Brexit sem acordo entre Reino Unido e União Europeia.

— Apesar de a economia global estar avançando, os riscos à frente estão aumentando — afirmou a diretoragerente do FMI, Christine Lagarde. — Isso quer dizer que há recessão global logo adiante? Não. Mas o risco de uma desaceleração maior no crescimento global certamente aumentou.

Ela ressaltou que a prioridade, agora, é que os países cooperem para resolver suas disputas comerciais, em vez de criar novas barreiras.

Relatório da ONG Oxfam divulgado ontem afirma que aumentou o abismo entre ricos e pobres. Em 2018, surgiu um bilionário a cada dois dias, enquanto a metade mais pobre da população mundial viu seus rendimentos caírem 11%.