Correio braziliense, n. 20279, 28/11/2018. Política, p. 4

 

Eduardo confirma troca de embaixada

Rodolfo Costa 

28/11/2018

 

 

A embaixada do Brasil em Israel será transferida de Tel Aviv para Jerusalém. A polêmica decisão foi confirmada, ontem, pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). “A questão não é perguntar se vai (ocorrer). A questão é perguntar quando será”, disse. A declaração mostra o alinhamento que o governo eleito pretende seguir com o dos Estados Unidos.

Não à toa, a afirmação foi dada por Eduardo em Washington, após reunião na Casa Branca com Jared Kushner, conselheiro sênior e genro do presidente norte-americano, Donald Trump. Kushner é um dos principais articuladores da política do país para o Oriente Médio. “A gente ainda não sabe ao certo dentro do governo a data, como é que ocorre. A gente tem a intenção e a ideia”, frisou.

A transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém segue em linha com a decisão tomada por Trump em dezembro de 2017, quando reconheceu Jerusalém como a capital de Israel. A polêmica é antiga. Israel considera Jerusalém como capital, mas o status está no cerne do conflito histórico entre israelenses e palestinos. Ambos consideram a cidade sagrada e a querem como capital.

 

Represália

No início do mês, quando o presidente eleito sugeriu a possibilidade de efetuar a transferência, o Hamas, organização islâmica nos territórios palestinos, classificou a decisão como “afronta ao povo palestino”. A decisão foi motivo do cancelamento de uma visita do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, ao Egito.

Eduardo disse não temer possíveis represálias para o comércio internacional por causa da mudança. Para ele, será possível encontrar uma solução. “Eu acredito que a política no Oriente Médio já mudou bastante também. A maioria ali é sunita. E eles veem com grande perigo o Irã. Quem sabe apoiando políticas para frear o Irã, que quer dominar aquela região, a gente não consiga apoio desses países árabes.”

A ida de Eduardo a Washington é uma espécie de “cartão de visita”. Como filho de Bolsonaro e sendo o deputado federal eleito com mais votos na história, o objetivo é aproximar as relações comerciais e de segurança pública entre Brasil e Estados Unidos. A principal meta, admitem pessoas próximas do parlamentar, é articular a vinda de Trump para a posse do presidente eleito.

Ontem, Eduardo participou de um encontro com empresários e investidores, promovido pelo Brazil-U.S. Business Council, espécie de braço da Câmara de Comércio dos Estados Unidos. Amanhã, ele cumpre agenda em Nova York. O parlamentar, no entanto, nega ter conversado com Kushner sobre uma futura visita de Trump ao Brasil. O tema, segundo ele, será discutido numa reunião, amanhã, entre o pai e o titular do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, no Rio de Janeiro.

Eduardo cumpre agenda nos Estados Unidos desde segunda, quando se reuniu com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, e com o secretário-adjunto do Tesouro Americano, David Malpass. O deputado participou de evento no American Enterprise Institute e de reuniões com representantes do Departamento de Estado, do Departamento de Comércio e do Conselho de Segurança Nacional.