O Estado de São Paulo, n. 45677, 08/11/2018. Política, p. A6

 

Trabalho deixará de ser ministério; pastas devem ir a 18

Tânia Monteiro e Teo Cury

08/11/2018

 

 

 Recorte capturado

Funções serão incorporadas por outra área; CGU pode manter o status atual, enquanto Meio Ambiente ficará separado da Agricultura

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), disse ontem que o Ministério do Trabalho será incorporado a outra área, sem detalhar como ficará, e que o total de pastas deve chegar a 18. Bolsonaro também anunciou a primeira mulher na Esplanada – a ministra da Agricultura, Tereza Cristina .

Além dela, já haviam sido confirmados outros cinco ministros – Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Sérgio Moro (Justiça), general da reserva Augusto Heleno Ribeiro (Gabinete de Segurança Institucional) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).

“O Ministério do Trabalho vai ser incorporado a algum ministério”, afirmou Bolsonaro ao deixar o Superior Tribunal de Justiça (STJ), após almoço com o presidente da Corte, ministro João Otávio de Noronha.

Anteontem, o Ministério do Trabalho distribuiu nota à imprensa para destacar a necessidade e a importância da pasta. “O Ministério do Trabalho, que recebeu profundas melhorias nos últimos meses, é seguramente capaz de coordenar as forças produtivas no melhor caminho a ser trilhado pela nação brasileira, na efetivação do comando constitucional de buscar o pleno emprego e a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros”, diz trecho da nota.

Uma das possibilidades defendidas pelo setor produtivo é que a pasta seja integrada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), mas ainda não há definição.

Ao falar da possibilidade de aumentar das 15 pastas inicialmente pensadas para 18, Bolsonaro afirmou que a Controladoria-Geral da União (CGU), que seria agrupada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, deve manter o status atual.

Além disso, o Meio Ambiente ficará separado da Agricultura. “O que não pode é ter briga entre eles. Isso não pode continuar acontecendo. Queremos preservar meio ambiente, mas não pode ter atrito”, afirmou.

Interferência. O presidente eleito insistiu que “o que temos de ter é ministérios funcionando sem interferência política”.  Em entrevista, Bolsonaro contou que um parlamentar de um pequeno partido o procurou tentando discutir formas de fazer negociação política com cargos. “O elemento que foi me procurar devia estar hibernando durante a minha campanha eleitoral e não ouviu nada do que falei. Ele acordou e achou que estava vivendo antigamente. Eu falei que não vamos negociar”, declarou, acrescentando que o parlamentar “entendeu” e “saiu mais amigo do que entrou”.

Bolsonaro espera anunciar até amanhã quem vai comandar o Ministério da Defesa. Ele disse que a escolha já “está engatilhada” e que o nome em análise “tem quatro estrelas”. O mais cotado é o almirante Eduardo Leal Ferreira, atual comandante da Marinha.

GSI. A ideia inicial de Bolsonaro era que o general Augusto Heleno ocupasse o Ministério da Defesa. Ontem, ele confirmou que assumirá a chefia do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI). “Eu vou para o GSI”, disse Heleno, acrescentando que “é isso que ele (Bolsonaro) quer”.

A decisão de ficar à frente do GSI, e não mais na Defesa, foi antecipada pelo Estado. Bolsonaro deixou para o próprio general escolher.

As declarações de Augusto Heleno ontem foram dadas ao deixar o Comando da Aeronáutica, onde estava com Bolsonaro e outros integrantes do futuro governo em café da manhã. A ideia de Heleno ir para o Palácio do Planalto, onde fica o GSI, é permitir que ele esteja constantemente ao lado de Bolsonaro.

Se estivesse na Defesa, o general da reserva teria uma agenda específica a cumprir na pasta, o que lhe exigiria viajar e ter compromissos relacionados às Forcas Armadas.

Na terça-feira, O vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, avaliou como positiva a possibilidade, agora confirmada, de que Heleno estivesse próximo de Bolsonaro no Planalto. “Se ele for para o Palácio, será bom para o presidente”, afirmou Mourão.

 

Diplomação antecipada

O TSE marcou para 10 de dezembro a diplomação do presidente eleito, antecipando a data prevista, para que Jair Bolsonaro possa se submeter a nova cirurgia.