O globo, n. 31159, 28/11/2018. Artigos, p. 3

 

Cultura, bom negócio

Zuenir Ventura

28/11/2018

 

 

Se de fato rebaixar o Ministério da Cultura a uma secretaria, como prometeu, o presidente eleito estará dando um passo atrás no momento em que estudos demonstram a amplitude e pujança do setor em todo o mundo. Pesquisas informam que as receitas das chamadas indústrias culturais e criativas geram mais de US$ 2 bilhões por ano, superando as de telecomunicações, o que representa 3% do PIB mundial. Em termos de empregos, são quase 30 milhões, mais do que a indústria automotiva de Europa, Japão e EUA juntos.

O setor é dividido em quatro áreas: consumo (design, arquitetura, moda e publicidade), mídias (editorial e audiovisual), cultura (patrimônio e artes, música, artes cênicas e expressões culturais) e tecnologias de informação e comunicação.

Entre os países emergentes, o Brasil é considerado um dos maiores mercados para a economia criativa. Dados do BNDES apontam que, em 2015, o setor cultural movimentou no país R$ 155 bilhões, ou 2,64% do PIB, gerando cerca de 850 mil empregos. Para os próximos anos, a estimativa é de crescimento acima da média mundial até 2021 — de 4,6%, enquanto o mundo deve crescer 4,2%, segundo estudo da consultoria PwC. O levantamento leva em conta segmentos como mídia e entretenimento, listando desde atividadestradicionais( televisão, cinema e música), até as de última geração, como os jogos eletrônicos.

Segundo a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o avanço da economia criativa chegou a 69,8% entre 2003 e 2013, acima dos 36,4% de aumento do PIB nacional no mesmo período.

Apesar dessa vitalidade, agrande atriz Marieta Severo lamenta que haja o que chama de “demonização da classe artística”. “A ideia de ver artistas se tornando vilões do país soba perspectiva departe das oc ieda deémuit od olorosa para agente ”.

Cacá Diegues chama atenção para a importância da dimensão econômica: “acultura deixou dese rum fenômeno apenas simbólico de afirmação de nossa identidade, para se tornar também um negócio en benefício da população - um bom negócio, aliás.