O globo, n. 31121, 21/10/2018. País, p. 11

 

Witzel e Paes fazem mudanças em suas equipes

Luiz Ernesto Magalhães

Juliana Castro

Stéfano Salles

21/10/2018

 

 

Na reta final da campanha, os candidatos ao governo do Rio se cercam de políticos experientes, profissionais que já trabalharam em outras campanhas e até mesmo de ex- adversários, na tentativa de conquistar apoios

Na reta final da disputa para o governo do Rio, o exjuiz Wilson Witzel (PSC) e o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) fizeram mudanças em suas equipes na tentativa de conquistar apoios políticos e antecipar movimentos do adversário. Na campanha de Witzel, quem virou um dos protagonistas foi o vice na chapa, o vereador Cláudio Castro (PSC). Promovido a articulador político no segundo turno, licenciou-se da Câmara do Rio para assumir o papel em tempo integral. O vice diz que tem conversado inclusive com políticos que apoiam oficialmente a campanha de Paes, mas que teriam mudado de lado. Ele se recusou, no entanto, a citar nomes.

A relação entre Witzel e Castro, que é ligado ao movimento carismático da Igreja Católica, começou a se estreitar no início do ano. Em março, o vereador concedeu a medalha Pedro Ernesto ao aliado.

Outra novidade na campanha do ex-juiz é o engajamento do candidato derrotado do PDT, o deputado estadual Pedro Fernandes. Ele virou conselheiro de Witzel, apesar do apoio de seu partido a Paes.

Pedro Paulo de volta

Na campanha do candidato do DEM, o deputado federal Pedro Paulo (DEM), braçodireito de Paes na prefeitura, passou a ser um dos coordenadores das atividades na capital. No primeiro turno ele estava dedicado à sua reeleição. Pedro Paulo divide a tarefa com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM), e com o deputado estadual Comte Bittencourt (PPS), vice na chapa.

— Tive 56.646 votos . Agora trabalho para que o apoio reverta também em votos em favor de Eduardo Paes. Sou apenas um colaborador —disse Pedro Paulo, que em 2016 disputou, sem sucesso, a cadeira de Paes na prefeitura. Comte, por sua vez, é o homem de confiança do exprefeito na articulação política da região metropolitana e do interior. Ele tem percorrido cidades do interior em um esforço para reverter o cenário desfavorável para Paes nas pesquisas eleitorais.

— Paes tem percorrido bastante o interior do estado. Mas a gente se divide nas agendas —disse Comte. O fato de pertencer ao PPS faz com que o deputado tenha bom trânsito com políticos da esquerda. Apesar da oposição natural do PT e do PSOL a Witzel, esses partidos não declararam apoio a Paes devido aos acenos que ele tem feito ao candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro.

No círculo mais próximo de Paes também se destacam outros dois nomes: o jornalista Hudson Carvalho e o economista Marcelo Faulhaber, responsáveis pelo marketing político do candidato. Hudson já trabalhou com outros políticos, incluindo o ex-prefeito Cesar Maia.

A situação de Faulhaber é mais curiosa. Em 2008, ele participou da campanha de Paes para prefeito. Ambos brigaram logo no início do governo e ficaram anos sem se falar. Em 2016, Faulhaber fez campanha para eleger Marcelo Crivella (PRB) prefeito, com quem também rompeu no ano seguinte.

Outros ex- colaboradores da época em que Paes foi prefeito costumam circular pela campanha. Esse é o caso de Daniel Soranz, ex-secretário municipal de Saúde, que participou de algumas reuniões de trabalho. O ex-vereador Alexandre Cerrutti, bastante ligado a Cesar Maia, também integra a equipe de Paes.

No círculo de confiança do candidato do PSC, destacam-se, entre outros, o advogado Lucas Tristão do Carmo, espécie de coordenador de logística da campanha. Foi Tristão quem, em agosto, encontrou-se com o publicitário Gutemberg Fonseca, dono da agência YXE, no Campo de Golfe Olímpico, na Barra, para pedir ajuda.

Elo com Flávio Bolsonaro

Fonseca, outro que está por trás da campanha do candidato do PSC, participou da pré-campanha de Bolsonaro e tornou-se amigo de um dos filhos do presidenciável, o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL). Flávio se engajou na campanha de Witzel na reta final do primeiro turno, o que favoreceu uma arrancada surpreendente do ex-juiz. No segundo turno, porém, Bolsonaro afirmou que ele e sua família ficarão neutros na eleição do Rio.

A equipe conta ainda com Bernardo Santoro, responsável pela elaboração do plano de governo de Witzel. Diretor do Instituto Liberal e professor universitário, foi Santoro quem fez o programa de Flávio Bolsonaro quando ele concorreu à prefeitura do Rio em 2016. Outra figura presente é a mulher de Witzel, Helena. Advogada, ela acompanha o marido em todas as agendas.

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O círculo próximo de Wilson Witzel (PSC)

21/10/2018

 

 

Cláudio Castro

Vereador do Rio pelo PSC em seu primeiro mandato, candidato a vice de Witzel. Responsável pela articulação política da campanha.

Bernardo Santoro

Advogado e economista, responsável pelo programa de governo de Witzel. Chegou a participar da equipe de Jair Bolsonaro.

Lucas Tristão

Advogado, atua como uma coordenador de logística da campanha. Aproximou Witzel de Flávio Bolsonaro.

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O círculo próximo de Eduardo Paes (DEM)

21/10/2018

 

 

Comite Bittencourt

Professor e ex-secretário municipal de Educação de Niterói, está no quarto mandato na Alerj. Candidato a vice e responsável pelas articulações políticas no interior.

Marcelo Faulhaber

Economista, um dos responsáveis pela estratégia política da campanha. Trabalhou com Paes na eleição em 2008 e para Marcelo Crivella na disputa de 2016.

Pedro Paulo

Deputado federal, amigo de Paes. Responsável pelas articulações políticas na capital durante o segundo turno.