Título: 60% da UnB em greve
Autor: Abreu, Roberta
Fonte: Correio Braziliense, 25/05/2012, Cidades, p. 25

A greve dos professores da Universidade de Brasília (UnB) ganhou força. A cada dia, mais educadores aderem ao movimento deflagrado na última sexta-feira. Embora não tenha um número exato, a Associação dos Docentes da UnB (ADUnB) acredita que mais da metade dos cursos tenha paralisado as atividades, em torno de 60%. Na segunda-feira, a categoria se reunirá em frente ao Ministério do Planejamento para pressionar o governo. Uma nova assembleia, marcada para a quarta-feira, definirá os rumos do movimento, que atinge 44 das 59 instituições federais (leia matéria ao lado).

No início da semana, a adesão era mínima e muitos professores e alunos mantiveram a rotina. Integrante do Diretório Central de Estudantes (DCE), o estudante Octávio Torres, 21 anos, diz que a indecisão por parte dos professores provoca confusão. "Apesar de a greve ter sido decretada, boa parte da universidade está funcionando. A gente fica sem saber se vem à aula. Esperamos que o calendário seja suspenso o quanto antes para não sermos prejudicados", disse o aluno do 7º semestre de direito.

Segundo ele, os alunos estiveram reunidos em assembleia ontem e, apesar de não atingir o quórum mínimo de 1.097 presenças, a maior parte do grupo decidiu apoiar a posição dos docentes. "Essa reunião teve caráter consultivo e não deliberativo. A greve é legítima, eles têm o que reivindicar. Os presentes votaram também por uma greve estudantil, a fim de dar força ao movimento", acrescentou Torres. Uma nova reunião será marcada pelo DCE.

O professor Ebnezer Maurílio Nogueira da Silva, presidente da ADUnB, afirmou que a maioria dos cursos aderiu à greve e garantiu que a decisão é de cada educador. "Por tradição, o sindicato não tira gente da sala de aula, não faz piquete. É contra a nossa política. Tentamos convencê-los e cabe a cada um decidir", explicou. O presidente da ADUnB espera que na próxima assembleia, marcada para quarta-feira, pelo menos mil dos 2.245 professores da universidade compareçam. Segundo ele, a suspensão do calendário acadêmico foi solicitada.

O Correio consultou faculdades e departamentos da UnB e, na maioria deles, muitos professores cruzaram os braços. Segundo o diretor da Faculdade de Medicina, Paulo César de Jesus, algumas atividades foram suspensas. "Haverá uma reunião na próxima semana para definir o que será feito", disse. Nas faculdades de Educação Física e de Comunicação, os professores pararam. "Hoje (ontem), apenas dois vieram porque havia prova marcada", contou um funcionário da FAC. Entre as que não interromperam as aulas estão a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação e a Faculdade de Tecnologia. No Departamento de Sociologia, apenas os educadores da pós-graduação continuam em aula.

Reivindicação Os professores pedem a estruturação de carreira única, com 13 níveis remuneratórios e variação de 5% entre essas divisões, a partir do piso para 20 horas de trabalho — é de R$ 2.329, 35. Além disso, a categoria pleiteia a incorporação de gratificações e percentuais relativos à titularização e ao regime de trabalho de cada professor.

A assessoria de imprensa da UnB não tem um balanço dos professores parados. Disse ainda que, assim que houver a retomada das aulas, o calendário acadêmico deverá ser reformulado para não prejudicar os universitários. A assessoria de imprensa do Ministério do Planejamento informou que a rotina de reuniões entre o governo e as entidades representativas dos servidores civis da União continuam. Na próxima semana, haverá nova rodada de negociações com a Secretaria de Relações do Trabalho do órgão.