O globo, n. 31044, 05/08/2018. País, p. 14

 

Romário vira candidato e se defende de ocultação de bens

Stefano Salles

05/08/2018

 

 

Em convenção do Podemos, senador confirma transferência de patrimônio para a irmã questionada pelo Coaf: “O dinheiro é meu e eu dou para quem eu quiser”

O senador Romário (Podemos) lançou ontem a sua candidatura ao governo do Rio e falou pela primeira vez sobre as acusações de ocultação de patrimônio feitas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ) e pela Justiça do Rio. Conforme O GLOBO publicou em reportagens desde fevereiro, o parlamentar transferiu parte de seus bens milionários para a sua irmã, Zoraidi Faria.

— Saíram várias reportagens sobre minha vida pessoal. Quem não tem problemas na vida? Joguei futebol por 25 anos. Cheguei onde cheguei com minha luta e determinação. Ganhei tudo com o meu suor, literalmente. O dinheiro é meu e eu dou para quem eu quiser — afirmou o senador, que também respondeu sobre uma casa na Barra da Tijuca avaliada em R$ 6,4 milhões, hoje no nome de Zoraidi. — A casa é da minha irmã e eu a ajudei porque tenho condição. Vamos parar com essa palhaçada de querer me queimar, querer destruir a minha reputação.

Em fevereiro, O GLOBO conversou com vizinhos do imóvel que afirmaram que Romário, enã oZ oraidi,équ em f requenta a casana Barra.

Candidato a vice-governador na chapa de Romário, o deputado federal Marcelo Delaroli (PR) adotou um tom mais pesado. Ele chegou a ser cotado para vice na chapa do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), mas as negociações não andaram durante a semana passada.

— O outro lado acha que pode comprar as pessoas. Mas esqueceu que há pessoas de bem. Quero agradecer a firmeza do presidente do PR, Altineu Côrtes. Eu só estou aqui hoje porque sou guerreiro, porque não tive paz nos últimos dias. Mas não poderíamos ficar ao lado de uma quadrilha que quebrou o Rio de Janeiro — afirmou o parlamentar.

Sobre os adversários, Romário adotou um tom mais comedido que o de aliados e apoiadores. Sem citá-los nominalmente, lembrou os inícios de suas trajetórias esportiva e política, e disse que decidiu ser candidato a governador por entender que não pode mais esperar por nada de ninguém.

— Nos últimos anos eu pus o pé no acelerador em relação às minhas principais causas: a saúde e o tratamento de doenças raras. Apoiei candidatos que se comprometeram a cuidar desses temas, mas nada aconteceu e eles me decepcionaram. Então, sei agora que eu que terei que fazer.

O senador aproveitou o evento para anunciar o secretário de Fazenda de um eventual governo seu: o economista Guilherme Mercês, da Firjan. O PR foi o terceiro partido da coligação de Romário que conta ainda com o apoio da Rede Sustentabilidade.