O globo, n. 310074, 29/06/2018. País, p. 3

 

CNI/Ibope indica votos brancos e nulos à frente de todos os pré-candidatos

29/06/2018

 

 

Do total de entrevistados, 33% não declaram apoio a nenhum candidato

-BRASÍLIA- Pesquisa Ibope, contratada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada ontem, aponta que o grupo de eleitores dispostos a votar branco ou nulo nas eleições supera todos os pré-candidatos no cenário sem o expresidente Lula, que está enquadrado na Ficha Limpa por ter sido condenado em segunda instância. Ao todo, 33% dos entrevistados disseram que não votariam em qualquer um dos nomes apresentados. Entre os candidatos, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) está em primeiro, com 17% das intenções, seguido por Marina Silva (Rede), com 13%, cuja diferença em relação ao líder está no limite da margem de erro, que é de dois pontos percentuais.

O pré-candidato Ciro Gomes (PDT) vem em seguida, com 8%. O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) tem 6% das intenções de voto. Alvaro Dias (Podemos) tem 3%. O petista Fernando Haddad, considerado plano B de Lula, aparece com 2% , junto com o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC), que desistiu da candidatura esta semana. Os demais pré-candidatos ficaram com 1% das intenções ou menos. Outros 8% não responderam.

O número de brancos e nulos neste levantamento representa grande crescimento na comparação com último pleito presidencial, em 2014. Naquele ano, em junho, os brancos e nulos eram de 8%. Para Renato da Fonseca, gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, esse aumento permite duas conclusões: potencial de crescimento de candidatos sobre esses eleitores, e o grau de desalento da população em relação à política.

— Isso significa que tem um campo muito grande para crescer dentro do branco e nulo, no horário eleitoral. Isso deve acontecer —disse, emendando em outro momento: — Há uma decepção muito grande com a classe política, achando que a coisa não vai resolver. A gente captou isso na pesquisa.

Embora lidere as intenções de voto na pesquisa estimulada (quando os nomes dos candidatos são apresentados ao eleitor), Bolsonaro também desponta na liderança quando é medida a rejeição. No total, 32% dos entrevistados dizem que não votariam no ex-capitão do Exército de jeito nenhum.

O senador Fernando Collor está empatado com Bolsonaro no índice de rejeição. Eles são seguidos por Lula, com 31%, Alckmin, com 22% e Ciro e Marina empatados com 18%. Rodrigo Maia tem 13% de rejeição; Haddad, 12%, e Meirelles, 11%.

Outro cenário, com o nome de Lula, foi testado. Neste, o petista lidera a pesquisa com 33% das intenções de voto, seguido por Jair Bolsonaro (15%) e Marina Silva (7%). Em quarto lugares Ciro Gomes e Geraldo Alckmin aparecem empatados com 4%.

Quando Lula não aparece, Marina e Ciro são os que mais “herdam” votos do petista. A primeira ganha seis pontos percentuais, sai de 7% e vai para 13%, e Ciro ganha quatro pontos e vai de 4% para 8%.

A pesquisa também mediu a rejeição do presidente Michel Temer: 79% avaliam o atual governo como ruim ou péssimo e apenas 4% aprovam a sua gestão. Ele é o presidente mais mal avaliado desde 1986.

Na pesquisa anterior do Ibope, divulgada em abril, 72% dos eleitores consideravam o governo ruim ou péssimo; 21%, regular; e somente 5% avaliavam como bom ou ótimo".

Os entrevistados também foram consultados sobre a avaliação de setores da administração federal. No caso da segurança, marcada pelo decreto de intervenção federal no Rio, 83% desaprovam as ações do governo Temer, contra 14% que aprovam. Na saúde, os índices de reprovação chegam a 88% e, na educação, o número chega a 83%. (Catarina Alencastro)

 

Fonte: CNI/Ibope. Foram ouvidas 2 mil pessoas em 128 municípios, de 21 a 24 de junho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-02265/2018