O globo, n. 30955, 08/05/2018. Opinião, p. 15

 

Rio mais humano

Marcelo Crivella

08/05/2018

 

 

Um dos meus desafios como prefeito é combater a desigualdade em nossa cidade, que se reflete também na oferta de infraestrutura à população. Mudar esta situação é um dos fundamentos do plano de obras de R$ 1 bilhão que apresento este mês aos moradores do Rio e que inclui o prosseguimento do programa Bairro Maravilha em 24 comunidades das zonas Norte e Oeste, dez a mais do que em 2017. São obras de drenagem, saneamento, asfaltamento, calçamento, melhorias nos sistemas de água e luz em regiões historicamente deixadas ao abandono.

Outra preocupação é abrir novos espaços de lazer, locais de convivência negados a crianças, idosos, casais e jovens em áreas que sempre foram discriminadas. Assim, o plano contém o deslanchar dos projetos de quatro grandes parques: Maré, Irajá, Cidade de Deus e Campo Grande.

Juntos, esses novos patrimônios da cidade terão 434 mil metros quadrados, onde a população poderá usufruir de quadras esportivas, pomares, espaço infantil e quiosques, entre outros atrativos. Uma ação que se insere numa visão urbana estruturante, de tornar o Rio um local mais saudável, amigável e harmonioso.

Mas obras não bastam: as pessoas precisam ter a segurança de que construirão suas vidas sem surpresas. Por isso, a atual gestão promoveu 3.276 regularizações fundiárias, média de 218 por mês, dez vezes mais do que a média mensal entre 2002 e 2016. São medidas de quem não se move por ações “de fachada” e que muitas vezes são incompreendidas. A Rocinha é um exemplo: as obras recém-finalizadas pela Geo-Rio, ao custo de R$ 4 milhões, eliminaram o risco em encostas nas áreas de Dioneia e Laboriaux. Medidas como essa previnem tragédias, salvam vidas.

As ruas da Rocinha acabaram de receber 40 toneladas de asfalto para tapa-buracos; galerias de águas pluviais foram limpas e drenadas, assim como 50 ralos e poços; e 150 casas estão passando por obras, que não são só de “embelezamento”. Moradores temiam que o péssimo estado de conservação de marquises e fachadas, às margens da Autoestrada Lagoa-Barra, causasse acidentes graves.

Para enfrentar os desafios urbanos deste século, a prefeitura enviou à Câmara de Vereadores um pacote de leis que facilitará o financiamento e a produção de habitações populares. Os 1.200 artigos da atual legislação urbanística serão reduzidos a 180, proposta que visa adequar a cidade à nova realidade social.

Uma de minhas prioridades é evitar tragédias como a que vimos em São Paulo. Por isso, 210 famílias foram removidas mês passado do antigo prédio do IBGE na Mangueira, onde viviam em condições insalubres. Hoje, recebem aluguel social e, em breve, terão seus lares e viverão em unidades do Minha Casa Minha Vida. Em quase um ano e meio, entreguei 3.420 unidades em parceria com o governo federal.

O Rio caminha a passos seguros para um futuro mais sustentável, fraterno e generoso. As dificuldades são muitas, mas a prefeitura atua e atuará sempre para reduzir o abismo social que marca nossa sociedade. A cidade está sendo pensada e mudará para melhor.