O Estado de São Paulo, 45523. , 07/06/2018. Política, p. A8

Bolsonaro e Skaf se aproximam em SP

Igor Gadelha

Leonêncio Nossa

Pedro Venceslau

 

 

O deputado Jair Bolsonaro (RJ), presidenciável do PSL, e o empresário Paulo Skaf, précandidato do MDB ao governo paulista, iniciaram uma aproximação para uma eventual aliança na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. O PSL busca palanques regionais fortes para compensar falta de estrutura e capilaridade nos Estados.

Bolsonaro vê em Skaf o único nome possível para uma composição no maior colégio eleitoral do País. “Não tenho abertura de conversa com o (João) Doria (pré-candidato do PSB) nem com o (Márcio) França (governador e pré-candidato à reeleição, do PSB). Então, o Skaf era o único nome em São Paulo que eu poderia conversar”, disse o presidenciável do PSL ao Estado. “Eu gostei dele e acho que ele também gostou de mim.”

As conversas com o emedebista ocorrem em paralelo ao esforço do grupo de Bolsonaro em formar uma frente suprapartidária. A ideia original da legenda em São Paulo era lançar a candidatura da advogada Janaína Pascoal, nome considerado “competitivo” por Bolsonaro por ela ter sido uma das signatárias do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff na Câmara. Como Janaína declinou do convite, Bolsonaro ficou sem opções em São Paulo, que possui cerca de 33 milhões de eleitores.

Na mais recente pesquisa Ibope/Band de intenção de voto no Estado, divulgada no dia 28 de maio, Bolsonaro apareceu na liderança com 19% ante 15% do ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB.

Cautela Aliados de Skaf avaliam reservadamente que a aliança poderia dar a Skaf um palanque com a presença de dois presidenciáveis: o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e Bolsonaro, além reforçar o discurso da segurança pública – principal mote do presidenciável do PSL.

O nome de Bolsonaro, porém, sofre forte resistência dos partidos do “centro” que, como o MDB, querem evitar uma polarização entre ele e a esquerda na campanha.

Skaf, que se licenciou ontem da presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), tem tratado o assunto com cautela: não quer fechar a porta para um acordo, mas também teme melindrar o Palácio do Planalto, Meirelles e outros potencias aliados.

Ainda não está claro para Skaf o impacto de uma eventual aliança, mas o pré-candidato do MDB falou do assunto recentemente com o deputado federal Major Olímpio, presidente do PSL paulista. “Eu conversei com Skaf como presidente do PSL e naturalmente a eleição paulista entrou no assunto. Pode ser uma vantagem para o Bolsonaro ter uma palanque forte em São Paulo. Para nós é um ponto de honra vencer o PT e o PSDB no Estado”, disse Olímpio.

Procurado por meio de sua assessoria, Skaf disse que não iria se manifestar.

Segundo o presidente do MDB paulista, deputado federal Baleia Rossi, Skaf está cuidando pessoalmente das alianças em torno da chapa majoritária, enquanto a direção estadual da proporcional. “Não falo sobre o que não aconteceu”, afirmou Rossi. Até o momento, o MDB não fechou aliança com nenhum partido em São Paulo.

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Em salão vazio, Alckmin lança propostas para segurança

Constança Rezende / RIO

 

 

Estagnado nas pesquisas de intenção de voto e cobrado por isso dentro do próprio partido, o pré-candidato à Presidência do PSDB, Geraldo Alckmin, apresentou ontem suas propostas para a área de segurança pública em um evento esvaziado na zona norte do Rio.

O lançamento ocorreu em um salão com 30 mesas e 120 cadeiras, mas poucos lugares foram ocupados. Participaram cerca de 25 pessoas. O deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), que abriu a cerimônia com 40 minutos de atraso, disse que a imprensa era “convidada especial” e pediu ao grupo de jornalistas que deixasse os fundos do salão (lugar geralmente reservado em eventos como este) e ocupasse os lugares da frente, que estavam vazios.

Durante o anúncio das propostas (mais informações nesta página), o foco de Alckmin foi tentar desconstruir a imagem do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que lidera as pesquisas de intenção de voto nos cenários em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aparece. Ele fez um convite público a Bolsonaro para debater a questão da segurança.

“Não conheço as propostas do nosso concorrente”, afirmou Alckmin. “Até faço o convite a ele, se ele quiser, para fazer o debate sobre segurança pública, seja pela televisão, internet ou rádio, para conhecer melhor as propostas e a gente aprofundar o tema”, disse. Por meio de sua assessoria, Bolsonaro afirmou que não faria comentários sobre a declaração do tucano.

Alckmin disse que escolheu o Rio para o lançamento de suas propostas para a área de segurança pública por causa da intervenção federal no Estado. “Hoje, o tema político é só o tema da segurança pública. A política aqui é a segurança. Escolhemos o Rio de Janeiro exatamente porque essa é uma preocupação do Rio de Janeiro. Não é comum você ter uma intervenção federal”, declarou.

O tucano anunciou que, se eleito, pretende criar uma Guarda Nacional, Militar e Federal para cobrir emergências de segurança em qualquer ponto do território. Além disso, afirmou que aumentaria o tempo máximo de internação de adolescentes, no caso de crimes hediondos, de três para oito anos.

Jantar. Questionado pela imprensa, Alckmin negou que tenha discutido com líderes de seu partido por causa da falta de apoio à sua pré-candidatura, como noticiaram os jornais Folha de S. Paulo e O Globo. O ex-governador teria se irritado em um jantar, na segunda-feira passada, com aliados que o pressionavam a mudar a condução da précampanha. No momento de maior tensão, Alckmin teria perguntado aos correligionários se queriam outro nome para disputar a eleição no lugar dele.

Ao responder a pergunta sobre se ele chegou a jogar um guardanapo na mesa durante o jantar, o tucano negou. “Não teve isso”, disse Alckmin, e garantiu que a sua relação com os aliados “está ótima”. Mas foi irônico ao falar como seria o seu palanque no Rio. “Estou querendo saber também”, disse rindo.

À noite, durante sabatina do jornal Correio Braziliense, em Brasília, o presidenciável voltou a ser questionado sobre o suposto episódio. “Não tem estresse. Todo partido grande tem divergência. Isso é natural”, respondeu ele.

O pré-candidato tucano também disse que não há possibilidade de seu partido trocar o nome que vai disputar o Palácio do Planalto. “Isso não existe”, afirmou Alckmin. “Agora, claro que tudo está nas mãos de Deus e eu preciso estar vivo.”

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PT adia candidaturas para atrair aliados e tentar conter Ciro

Ricardo Galhardo

 

 

A Executiva Nacional do PT decidiu, na noite de anteontem, prorrogar a definição das candidaturas estaduais e nacional do partido. O objetivo é ganhar tempo para negociar uma aliança nacional com possíveis aliados, especialmente o PSB, e evitar que estes partidos reforcem a pré-candidatura de Ciro Gomes (PDT).

A decisão ocorreu poucas horas depois de uma reunião entre a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e o presidente do PSB, Carlos Siqueira.

Depois do encontro, os petistas voltaram a acreditar na possibilidade de uma aliança com o PSB com base em acertos estaduais. PT e PSB negociam apoios mútuos em 11 Estados (PE, MG, BA, CE, AP, AM, PB, AC, PI, ES e RO). Embora petistas mantenham publicamente o discurso de manutenção da pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, a prorrogação do calendário dá tempo para a construção de uma alternativa ao ex-presidente (condenado e preso pela Operação Lava Jato).

As chaves para o entendimento são Pernambuco, onde o PSB quer apoio para a reeleição de Paulo Câmara, e Minas – o PT quer o PSB junto com Fernando Pimentel.

Com a decisão da Executiva, o PT pernambucano é obrigado a adiar pela segunda vez o encontro estadual que vai decidir entre o apoio à Câmara ou a candidatura própria da vereadora Marília Arraes, que estava marcado para domingo.

Estimativas internas apontavam para a possibilidade de vitória de Marília, o que inviabilizaria a aliança nacional com o PSB.

Apoio. A reunião entre as cúpulas, anteontem, também renovou a esperança do PT de contar com o apoio do PSB em Minas, depois do avanço da précandidatura ao governo do exprefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB).

“Respeitamos a postulação do ex-prefeito, mas não haveria nenhum tipo de anormalidade em uma aliança do PT com o PSB em Minas”, disse o deputado Odair Cunha (PT-MG). Dirigentes petistas cogitam oferecer a Lacerda vaga de vice na chapa presidencial. A pessoas próximas, Lacerda tem dito que “Minas é que vai decidir” seu futuro político.

A resolução da Executiva do PT diz que as pré-candidaturas estaduais estão mantidas “até que as tratativas com os demais partidos sejam acordadas” e cita explicitamente o nome de Marília Arraes.

No entanto, a resolução deixa claro que todas decisões estaduais estão subordinadas à eleição presidencial. Um dos principais objetivos do partido, hoje, é evitar o isolamento. Além disso, o PT quer evitar que PSB e PCdoB embarquem na candidatura de Ciro e transformem o presidenciável do PDT na principal alternativa eleitoral da esquerda.

“O PT fará de tudo para viabilizar uma aliança nacional com PSB e PCdoB”, disse o deputado José Guimarães (PT-CE), líder da minoria na Câmara. Os encontros estaduais do PT, alguns marcados para o próximo fim de semana, ficaram para os dias 27 a 29 de julho e a convenção nacional que vai oficializar o nome do PT na disputa presidencial foi adiado de 28 de julho para entre 30 de julho e 5 de agosto.

Ontem, Marcio Macedo, um dos vice-presidentes do PT, abriu negociações com Felipe Espírito Santo, presidente da Fundação da Ordem Social, do PROS.