O globo, n. 30944, 27/04/2018. Economia, p. 20

 

Acesso à internet aumenta e chega a 70% dos domicílios do país

Daiane Costa e Efrém Ribeiro

27/04/2018

 

 

Celular e aparelho de televisão são principal meio usado para conexão

-RIO E TERESINA- Em 2017, o acesso à internet já chegou a 70% ou 49,2 milhões dos lares brasileiros, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. Um ano antes, 63% dos domicílios estavam conectados, o equivalente a 44 milhões de famílias.

O celular e o televisor, com aparelhos smart, se tornaram o principal meio de acesso à rede. Ano passado, cresceu em 800 mil o número de lares com celular, para 92,7% do total, e em 2,5 milhões os com TV de tela fina, para 57,1%. O total de lares com TV de tubo caiu em 2,9 milhões.

— Com a mudança do sinal analógico para digital, as pessoas trocaram a TV de tubo pelas smart TV, e passaram a usar mais para acessar a internet, principalmente para ver filmes — diz Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad.

 

ACESSO MAIS BARATO

Em 10,6% dos lares, o acesso à internet foi feito via TV, superando o via tablet, que ocorreu em 10,5% dos domicílios.

— A gente está vivendo, nos últimos dez anos, uma inclusão digital promovida pelo barateamento do acesso à internet e dos smartphones — avalia Rodrigo Baggio, fundador e presidente da Recode, o antigo Comitê de Democratização da Informática.

Ele questiona, porém, a finalidade do uso dessa tecnologia, que basicamente é recreativa.

— A população precisa evoluir para o uso de serviços do governo, aplicativos educacionais, para fomentar empreendedorismo e o engajamento do cidadão.

O número de lares com algum tipo de televisor subiu para 67,4 milhões, 160 mil a mais que em 2016. Mas como a expansão do número de famílias foi de mais 550 mil, a fatia de domicílios com TV recuou de 97,4% para 96,8%.

Novos hábitos de consumo, podem explicar o recuo nas grandes capitais. Mas a crise afetou regiões mais pobres. O marceneiro Cid Marcos Carvalho vive com a mulher Ladyana e as filhas Maria Victoria, de 3 anos, e Maria Esther, de 11 meses, na Ocupação Anselmo Dias, em Teresina, sem TV. Ele ganha R$ 600 ao mês, sem carteira assinada:

— Minha família dorme após o jantar. Sinto falta porque gosto de assistir aos telejornais. Mas fico triste, com dor na alma, quando minha filha de 3 anos pede para assistir “As aventuras de Ladybug”. Na escola, os colegas comentam os episódios. Só que ela não pode ver. (*Especial para O GLOBO)