Correio braziliense, n. 20044, 07/04/2018. Política, p. 6

 

59 trocam de partido

Bernardo Bittar

07/04/2018

 

 

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) transferiu ontem o título de eleitor para Minas Gerais (MG). Prometeu se mudar para o estado nas próximas semanas, alegando necessidade de ficar mais perto da família. A expectativa dos petistas é de que ela seja eleita ao Senado com apoio dos mineiros, comentário que circula pelo Congresso desde janeiro. Dilma modificou o título bem antes da data-limite para mudança de domicílio eleitoral, que termina em 9 de maio.

A ex-presidente afirmou que a transferência do título de eleitor para Minas foi motivada pela mãe, que está idosa e mora em Belo Horizonte. “Eu tenho uma parte da família aqui, especificamente minha mãe. Ela está com 94 anos, naquela fase que vai para o hospital, sai, torna a voltar. Eu tenho vindo muito para cá”, disse. A petista mantém um pequeno apartamento na capital, para onde foi logo após sofrer o processo de impeachment. Sobre a possível candidatura ao Senado, ela desconversou. “Uma coisa vocês podem ter certeza: eu vou fazer campanha, candidata ao Senado ou não. Participarei da campanha em 2018 em qualquer condição.”

Troca-troca

Parlamentares interessados em fazer campanha também se movimentaram nos últimos dias, aproveitando a janela partidária para negociar o “passe” na sigla mais conveniente. O troca-troca acabou à meia-noite, após o período de um mês. Até agora, 59 movimentações foram informadas à Câmara dos Deputados, mas o número contabilizado pelo Correio é maior. As mudanças são liberadas porque, durante a janela, não há prejuízo ao mandato ou multa. Quem estiver nas maiores legendas consegue mais dinheiro para financiar a campanha ou protagonismo.

A lista disponibilizada pela Câmara mostra que o deputado Celso Pansera (RJ), por exemplo, deixou o MDB no dia 9 de março. Ficou sem partido. Movimentou-se quatro dias depois, assumindo uma vaga no PT. Esse “vácuo” entre uma sigla e outra, dizem especialistas, é o tempo para se fazer negócios. “Quem tem mais gente na bancada se beneficia. A janela partidária foi criada justamente para proporcionar essa mudança sem punição. O que acontece indiretamente é a facilitação da vida dos grandes. O PT, por exemplo, saiu beneficiado porque pouca gente saiu. O DEM, que até pouco tempo era pequeno, ganhou corpo”, explicou o professor Paulo Bahia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Nove emedebistas largaram o partido do presidente da República. O DEM ganhou sete integrantes, mesmo número do Podemos. O PSL, partido de Jair Bolsonaro (RJ), foi o recordista, com oito novos filiados. Quem não está na lista da Câmara, por exemplo, é Beto Mansur (SP), vice-líder do governo que mudou do PRB para o MDB. Houve mudanças no Senado, mas não há números divulgados. Senadores criticaram a janela poucos dias antes de o prazo ser esgotado.

O “corpo” das bancadas garante, além das vantagens na propaganda eleitoral, os ganhos financeiros. Do dinheiro do fundo eleitoral (R$ 1,7 bilhão), 48% são distribuídos pelo número de parlamentares de cada legenda e do fundo partidário, R$ 888 milhões podem ser usados para financiar campanhas.

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Nove ministros deixam governo

Rodolfo Costa

07/04/2018

 

 

A reforma ministerial se encerrou. Após semanas de discussões, o presidente Michel Temer exonerou ontem nove ministros. Deixaram os cargos Mendonça Filho (DEM), da Educação; Leonardo Picciani (MDB), dos Esportes; Marx Beltrão (MDB), do Turismo; Henrique Meirelles (MDB), da Fazenda; Sarney Filho (PV), do Meio Ambiente; Helder Barbalho (MDB), da Integração Nacional; Osmar Terra (MDB), do Desenvolvimento Social; Fernando Coelho Filho (MDB), de Minas e Energia; e Dyogo Oliveira, do Planejamento. As pastas dos Transportes e da Saúde já haviam sido mudadas. Com isso, o ajuste nos comandos na Esplanada dos Ministérios terminou. Pelo menos por ora.

Há dois dias, havia a expectativa de que o ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD), também abandonasse o posto. O auxiliar, no entanto, confirmou que permanece no cargo. A manutenção do partido foi bem recebida pelo governo, pois assegura um nome forte dos peessedistas sob o guarda-chuva da coligação governista.

A expectativa é que os sucessores sejam empossados na terça-feira. Na Fazenda, no Planejamento, no Desenvolvimento Social e nos Esportes, os atuais secretários executivos: Eduardo Guardia, Esteves Colnago, Alberto Beltrame e Fernando Boeschenstein assumem as pastas, respectivamente. Mendonça Filho desembarcou do governo, mas quem deve assumir a pasta é o secretário de Educação Básica, Rossieli Soares da Silva. A secretária executiva Maria Helena Guimarães, ligada ao PSDB — que não integra mais a base governista — foi cogitada, mas deve ser preterida.

Na Integração Nacional, assume o atual secretário de Infraestrutura de Recursos Hídricos da pasta. O ministério do Turismo será comandado pelo presidente da Embratur, Vinícius Lemmertz. Já a pasta de Minas e Energia deve encontrar uma solução caseira. A expectativa é de que o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, assuma a cadeira. Já o Meio Ambiente ainda aguarda uma definição.

Maluf é internado para exames

O deputado federal Paulo Maluf (PP) está internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. De acordo com o médico particular de Maluf, professor Sérgio Carlos Nahas, o deputado está sendo examinado pelo ortopedista Roberto Basile, o urologista Miguel Srougi, e o pneumologista Ronaldo Kairalla. “O deputado sofre de bronco pneumonia aspirativa, atrofia de membros inferiores com distúrbio de marcha devido à compressão de raízes nervosas na região lombar da coluna vertebral e encontra-se debilitado com perda de força muscular”, diz Nahas. O parlamentar também está em tratamento de um câncer de próstata. A informação sobre o ex-prefeito foi protocolada na Vara de Execuções Penais da Comarca de São Paulo. Na última quinta-feira, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, ratificou que Maluf deve cumprir prisão domiciliar.