Mais de 50 mil pessoas devem se reunir em Brasília até a próxima sexta-feira para debater o modo como a população mundial consome água. No Estádio Mané Garrincha e no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, 45 mil pessoas de mais de 150 países são esperadas no Fórum Mundial da Água, maior evento global sobre o tema. Enquanto isso, a Universidade de Brasília (UnB) e o Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade recebem 7 mil pessoas em um movimento que se contrapõe ao evento principal, o Fórum Alternativo da Água (Fama), organizado pela sociedade civil e por organizações ambientais. A abertura oficial do primeiro evento ocorre hoje, mas as primeiras ações começaram ontem.

Brasília será a primeira cidade do hemisfério Sul a receber os dois eventos, que chegam à capital durante uma crise hídrica responsável pelo racionamento de água que se estende por 14 meses. A escassez hídrica vista na capital federal é um exemplo da crise da água que atinge o mundo. Na Cidade do Cabo, África do Sul, os governantes lutam para adiar o Dia Zero, momento em que as torneiras da cidade serão fechadas e o abastecimento diário da população será feito por caminhões-pipa, com um galão de 20 litros por pessoa. A previsão é de que esse dia chegue em julho deste ano.

Quando Brasília foi escolhida como sede da 8ª edição do Fórum, em 2014, ainda não se falava em crise hídrica. “Foi antes mesmo dos problemas de abastecimento em São Paulo. Naquela época, só se acreditava que o nordeste brasileiro enfrentava a seca”, relembra Ricardo Andrade, diretor executivo do evento.  “A crise dá oportunidade para melhorias, e é isso o que está ocorrendo. Brasília receberá os melhores especialistas do mundo, que enfrentaram e venceram a seca, e estarão aqui para contar como conseguiram isso.”

Para o diretor, a diferença do evento em relação a outros que tratam do tema é a presença política, para que os debates não terminem ao fim do Fórum. Pelo menos 10 chefes de Estado confirmaram presença, além de mais de 100 ministros. Entre eles, o presidente da Hungria, János Áder, e do Senegal, Macky Sall; o primeiro-ministro do Marrocos, Saadeddine Othmani; o primeiro-ministro da Coreia do Sul, Lee Nak-yeon; e o príncipe herdeiro do Japão, Naruhito Ktaishi Denka.

Visitantes

A verba do projeto, é de R$ 80 milhões. Desses, R$ 50 milhões vêm dos cofres do DF e do governo federal. O restante corresponde à receita do próprio evento — de patrocínio, venda de espaços e venda de ingressos. Essa será a primeira edição do evento com atividades gratuitas. Das mais de 600 ações, pelo menos 300 têm acesso liberado.

Para se ter acesso aos espaços gratuitos, é necessário fazer inscrição pelo site ou na portaria do evento. As atividades pagas se concentram no Centro de Convenções Ulysses Guimarães e contam com sessões temáticas, lançamentos de relatórios e estudos, encontros políticos e fechamento de acordos. Os passaportes podem ser comprados no site oficial ou na portaria do evento.

Até o momento, cerca de 13 mil inscritos pagantes estão confirmados. Desses, 52% são brasileiros — sendo 34% moradores do Distrito Federal — e 47%, estrangeiros, de 150 países. A previsão do GDF é de que 80% da rede hoteleira seja ocupada durante a semana do evento e 70%, no fim de semana. Com isso, pelo menos R$ 40 milhões serão adicionados à economia local, prevê o Executivo local. O governador Rodrigo Rollemberg garantiu que Brasília terá infraestrutura para receber esse público. “Nós estamos preparados para receber a população de Brasília, os brasileiros que visitam a nossa cidade, todos serão recebidos de braços abertos aqui na nossa capital”, destacou.

Programe-se

Fórum Mundial da Água

Quando: de hoje a sexta-feira

Local: Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e Centro de Convenções Ulysses Guimarães