Valor econômico, v. 17, n. 4363, 18/10/2017. Política, p. A10.

 

 

A aliados, Serra diz que mira Presidência em 2018

Fernando Taquari

18/10/2017

 

 

Em conversas reservadas, o senador José Serra (PSDB-SP) confidencia a aliados que não descarta a possibilidade de concorrer à Presidência da República na eleição de 2018, ainda que esta hipótese seja vista como improvável dentro e fora do PSDB. O tucano tem se movimentado de forma discreta. Aguarda os desdobramentos da crise política e das investigações que o envolvem no âmbito da Operação Lava-Jato.

De acordo com um interlocutor, Serra espera pelo momento mais apropriado para se colocar com opção no cenário nacional. Aos mais próximos, reclamou que seu nome até aqui sequer tem sido cotado nas pesquisas de intenção de voto para a corrida presidencial. Mesmo assim, se o senador tiver chance, resume outro aliado, será pela terceira vez candidato ao Palácio do Planalto. Qualquer definição sobre seu futuro, porém, será tomada em cima do prazo. As candidaturas presidenciais precisam ser formalizadas em convenção até agosto.

Serra costuma postergar ao máximo suas decisões, ao mesmo tempo que se articula com os correligionários para viabilizar seu nome internamente. Para garantir seu espaço na disputa do ano que vem, quando terá 76 anos, o senador não descartaria, em último caso, a hipótese de trocar de partido, conforme outro amigo, sobretudo em um quadro com o prefeito de São Paulo, João Doria, como candidato do PSDB a presidente.

Em condição de anonimato, dirigentes tucanos avaliam como "remotas" ou "quase nulas" as chances de Serra ser o representante do partido na eleição presidencial de 2018. Argumentam que o senador, citado nas delações da empreiteira Odebrecht, não tem a mesma força do passado na sigla para impor seu nome. Além disso, alegam que ele, pelo seu perfil, dificilmente entraria numa prévia com outros correligionários.

No tucanato, há quem diga que Serra mira a Presidência para, em último caso, garantir a indicação da legenda ao governo paulista sem a necessidade de rivalizar com outros nomes do PSDB numa eventual prévia. Essa lógica tem como premissa a ideia de que, ao ameaçar a candidatura presidencial do governador Geraldo Alckmin (PSDB), o senador tenta assegurar o apoio do governador à sua sucessão no Estado. Procurado, o senador tucano não retornou aos contatos da reportagem até o fechamento desta edição.