O globo, n.30725 , 20/09/2017. PAÍS, p. 5

Após racha, PSDB deve ajudar a rejeitar denúncia

MARIA LIMA

LETICIA FERNANDES

20/09/2017

 

 

Governo planeja arquivar processo até 11 de outubro

Integrante da base na mira do centrão, o PSDB não deve alterar sua posição em relação ao apoio ao governo e à nova denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer. Dirigentes tucanos, inclusive, já avisaram ao presidente que, na votação da segunda denúncia de organização criminosa e obstrução à Justiça, o apoio tucano pode ser até maior que na primeira, quando a bancada ficou rachada, com só um voto a mais contra a aceitação.

— Devem aumentar os votos contra essa nova denúncia porque há muitas dúvidas sobre o comportamento açodado do procurador Rodrigo Janot, a inclusão de fatos anteriores ao mandato, o envolvimento do exprocurador Marcello Miller na delação da JBS, a validade das delações e o receio de novo impacto na economia — prevê o secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres (SP).

A cúpula do governo espera derrubar a segunda denúncia que pesa contra Temer em menos de um mês. A previsão de ministros do Palácio do Planalto é que a Câmara possa sepultar a denúncia até o dia 11 de outubro. Um dos ministros próximos ao presidente diz que, com um clima mais tranquilo no Congresso e com a diminuição da pressão por cargos em troca de votos, o mapa de votos pró-governo deve oscilar em 10% para cima ou para baixo em relação à última votação.

 

“INTRIGA SEM CONSEQUÊNCIAS”

Líderes tucanos descartam a reabertura da discussão sobre a aliança com Temer e o afastamento do ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, havia “intriga”, uma investida dos partidos do centrão, aproveitando a fragilidade de Temer na segunda denúncia, para ocupar o espaço de Imbassahy na coordenação política.

Temer, no entanto, descarta essa alteração no espaço do PSDB justamente porque pode levar a uma nova rebelião dos tucanos, com a saída de outros dois ministros políticos em solidariedade a Imbassahy. Aloysio Nunes diz que, hoje, não se discute a saída do governo:

— Essa coisa de tirar o Imbassay tem todo o jeito de uma intriga sem consequências.

Apesar do ambiente mais favorável a Temer na votação da segunda denúncia, não houve ainda uma decisão partidária de liberar ou não a bancada.

— Estou aguardando análise do material — disse o líder Ricardo Tripoli (SP).