Eike Batista deixa penitenciária e vai para prisão domiciliar
01/05/2017
 
 
Mulher de empresário reclama de demora em soltura: ‘Assim você vai longe, Brasil’

Preso desde o fim de janeiro, empresário foi liberado ontem de manhã. Antes, em rede social, sua mulher reclamou da demora. Preso desde o fim de janeiro, o empresário Eike Batista deixou, por volta de 9h20m de ontem, a Penitenciária Bandeira Stampa (Bangu 9), no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinar a sua libertação. Escoltado pela Polícia Federal, Eike chegou por volta de 10h15m em casa, uma mansão no alto do Jardim Botânico, Zona Sul do Rio, onde cumprirá prisão domiciliar por decisão do juiz Gustavo Arruda, da Justiça Federal do Rio.

A demora na libertação do empresário levou sua mulher, Flávia Sampaio, a criticar a Justiça numa rede social. Desde sexta-feira, Eike aguardava a ordem de soltura para deixar a prisão. “Mais de 40 horas para fazer cumprir a decisão da Suprema Corte! Isso aí, Brasil! Assim você vai longe! Quem quer dar exemplo dá exemplo”, escreveu Flávia, que completou:

“Esse abuso ninguém fala! E, ainda, a oficial de Justiça marca às 7h da manhã (exatamente 36h da decisão), e, até agora, cadê?! Respeito?! Oi?!”, disse a mulher de Eike, que ainda assinou a mensagem com as palavras #Brasil #SemEsperança.

Com a determinação para libertar Eike Batista, o ministro Gilmar Mendes deixou para a Justiça Federal no Rio definir as medidas cautelares. No sábado, Gustavo Arruda decidiu pela prisão domiciliar e ainda determinou uma série de restrições ao empresário, como antecipou o blog do jornalista Lauro Jardim, do GLOBO, no sábado.

Pela decisão do juiz, Eike continuará afastado da administração de suas empresas e também não poderá ter contato com qualquer pessoa investigada na Lava-Jato. O juiz determinou ainda que Eike terá que concordar com o levantamento permanente do seu sigilo telefônico. O empresário terá também que entregar o passaporte e só poderá receber visitas de parentes e advogados.

A prisão preventiva de Eike foi decretada na Operação Eficiência, desdobramento da Lava-Jato no Rio, no dia 13 de janeiro, pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. O empresário, que estava em viagem internacional, retornou ao Brasil e se entregou à Polícia Federal no dia 30 daquele mês.

Réu na Lava-Jato, Eike é acusado de ter pago propina ao então governador Sérgio Cabral no valor de 16,5 milhões de dólares. Também é suspeito de ter praticado lavagem de dinheiro, porque ocultou a origem do recurso. Pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, o empresário pode pegar pena de até 44 anos caso seja condenado.

No âmbito da Lava-Jato no Rio, Eike não é o primeiro a cumprir prisão domiciliar. Com base em uma lei que permite o benefício para presas preventivas com filhos menores de 12 anos, a ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo está em seu apartamento, no Leblon, desde março. Sua prisão domiciliar chegou a ser cassada, mas o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) suspendeu os efeitos da decisão até que a defesa esgote a possibilidade de recursos dentro da própria Corte.

 

O globo, n. 30583, 01/05/2017. País, p. 5