Aécio depõe na PF em inquérito sobre a CPI dos Correios

Fabio Serapião e Fausto Macedo

28/12/2016

 

 

Senador é suspeito de maquiar dados do Banco Rural enviados em 2005 à comissão; caso é improcedente, diz tucano

 

O senador Aécio Neves (PSDBMG) prestou depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília no inquérito no qual é suspeito de “maquiar” dados da CPI Mista dos Correios, em 2005, e esconder suposta relação entre o Banco Rural e o mensalão mineiro, esquema de financiamento ilegal da campanha à reeleição, em 1998, do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República. O depoimento foi realizado no início da semana passada.

Em 2005, Aécio era governador de Minas. Também são investigados no caso Clésio Andrade, que era vice-governador do tucano, e o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), que era filiado ao PSDB.

Segundo o delator e senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS), em 2005, durante a CPI Mista dos Correios, criada para investigar denúncias do mensalão que resultou na condenação da antiga cúpula do PT, o tucano “enviou emissários” para barrar quebras de sigilo de pessoas e empresas investigadas, entre elas o Banco Rural.

Um dos emissários, segundo Delcídio, era Paes, então secretário- geral do PSDB. O relatório da CPI, disse o senador cassado, foi aprovado com “dados maquiados”. Ainda segundo Delcídio, Paes e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) sabiam dos fatos. Sampaio foi excluído da investigação. Paes afirmou, na ocasião, que desconhece que tenha havido maquiagem em quaisquer dados.

“Outros parlamentares também sabiam que esses dados estavam maquiados, podendo citar os deputados Carlos Sampaio e Eduardo Paes, já mencionado, dentre outros que não se recorda. Esses fatos ocorreram em 2005/2006. Esse tema foi tratado com Aécio Neves em Belo Horizonte, no palácio do governo”, afirma trecho da delação de Delcídio.

Aécio é alvo de uma outra investigação, sobre desvios em Furnas. Os dois pedidos que deram origem aos inquéritos foram feitos pela Procuradoria- Geral da República a partir da delação premiada de Delcídio. No caso de Furnas, o tucano é investigado por suposto recebimento de propina de empresas terceirizadas que mantinham contrato com a estatal. O senador mineiro nega.

Em nota divulgada ontem, Aécio afirmou que, “como previsto, prestou esclarecimentos, demonstrando a absoluta improcedência das citações feitas por Delcídio”.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 44997, 28/12/2016. Política, p. A6.