Título: Gays com renda maior
Autor: Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 17/11/2011, Brasil, p. 14

A desigualdade dos rendimentos no Brasil não se limita à questão de cor e gênero. Por motivos históricos e culturais, brancos ganham quase o dobro de pretos e pardos, e mulheres recebem 42% a menos que homens. Uma outra diferença, constatada pela primeira vez pelo IBGE, no Censo 2010, é a discrepância entre a renda de casais que se declararam homossexuais e heterossexuais. Os gays aparecem em maior proporção nas faixas salariais mais altas.

Para se ter uma ideia, enquanto 3,4% dos casais de sexos diferentes ganham de cinco a 10 salários mínimos, o índice entre os de mesmo sexo sobe para 9,5%. Na faixa de 10 a 20 salários mínimos, a diferença é ainda maior. Entre os homossexuais, 3,7% estão naquele intervalo de rendimento, contra só 0,3% dos heterossexuais.

Os motivos para essa diferença ainda carecem de respostas. Entre os palpites está a possibilidade de que os 60 mil casais gays que se declararam como núcleo familiar serem pessoas de mais idade, com vida financeira estável e, talvez por isso, propensas a se autoafirmarem.

Especulações à parte, o dado revelado pelo IBGE é exemplificado pela realidade de Paulo Nascimento, 26 anos, e Alex Sousa, 31, sócios em um salão de beleza na Asa Norte. Jovens, os dois conquistaram a independência financeira juntos. "Batalhamos muito para ganhar bem e poder usufruir disso. Larguei meu emprego para virar sócio do Paulo e fazer com que nossa renda ficasse maior", conta Alex, que era funcionário de outro salão antes de se tornar empresário. "O bom é que podemos aproveitar. Saímos para jantar fora mais de três vezes por semana, moramos bem, temos um carro bom. Estamos satisfeitos", completa Paulo. Juntos há cinco anos, os dois vivem no Lago Norte.