Acrônimo mira em 1º escalão de Pimentel

Andreza Matais e Fábio Fabrini

24/09/2016

 

 

Marco Antônio Rezende, da Casa Civil, e Paulo Moura, de estatal mineira de tecnologia, são alvo de mandados de busca e condução coercitiva.

A Polícia Federal deflagrou ontem a nona fase da Operação Acrônimo para investigar suposto pagamento de propina de R$ 3 milhões ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), pela OAS. Alvos de mandados de condução coercitiva, o chefe da Casa Civil de Minas Gerais, Marco Antônio Rezende, e o atual presidente da Companhia de Tecnologia da Informação de Minas (Prodemge), Paulo Moura, não foram conduzidos para prestar esclarecimentos à delegacia porque não se encontravam em Belo Horizonte.

As informações foram reveladas pelo empresário Benedito Rodrigues Oliveira, o Bené, apontado como operador do petista em casos de corrupção, em delação premiada. Ele cumpre prisão domiciliar desde 17 junho após ser preso em abril.

Bené contou que a OAS doou o valor para a campanha do governador em 2014, em troca de ajuda para obter contrato para a construção de um gasoduto no Uruguai. Pimentel teria usado sua influência no governo de Pepe Mujica para que a empreiteira conseguisse tocar a obra.

Esta fase da operação também investiga a relação das empresas Mop Consultoria e OPR no suposto esquema de pagamento de propina a Pimentel. A Mop foi aberta em novembro de 2012 por Rezende e Moura. Eles integraram o primeiro escalão da prefeitura de Belo Horizonte na gestão Pimentel (2001-2008) até 2012. Em 2015, voltaram a assumir cargos no Executivo estadual mineiro.

Suspeita. Investigadores da Acrônimo suspeitam que o governador mineiro seja o dono da consultoria e beneficiário de recursos recebidos por ela. A empresa recebeu R$ 635 mil do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte. A entidade representa as viações de ônibus da capital mineira, contratadas na gestão do petista, em 2008, para operar as linhas da cidade por 20 anos, com faturamento previsto de R$ 10 bilhões. Marco Antônio coordenava a licitação. Sua empresa faturou R$ 1,9 milhão em 21 meses.

A consultoria teve vida curta. Em dezembro de 2014, logo após Pimentel vencer a eleição para o governo de Minas, os dois sócios a fecharam. Ambos trabalharam na campanha e, em seguida, na equipe que cuidou da transição do governo. Rezende era coordenador financeiro e jurídico do comitê.

Já a OPR está em nome Otílio Prado, um dos principais assessores do petista.

PARA LEMBRAR

Governador foi denunciado

Pimentel foi denunciado em maio pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O petista é acusado de receber propina para favorecer um fabricante de veículos, quando comandava o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, entre 2011 a 2014. Desde junho, sua defesa tenta convencer a corte de que cabe à Assembleia de Minas decidir sobre afastamento de governadores.