BC acha R$ 30,8 mi nas contas de Palocci

Ricardo Brandt, Julia Affonso, Mateus Coutinho e Fausto Macedo

29/09/2016

 

 

Sérgio Moro havia ordenado bloqueio de até R$ 128 mi de ex-ministro e outros alvos.

O Banco Central bloqueou R$ 30,8 milhões em contas bancárias do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e de sua empresa, a Projeto Consultoria Empresarial e Financeira Ltda. Em três contas pessoais de Palocci, a malha fina do Banco Central encontrou R$ 814.648,45. Na conta da Projeto, R$ 30.064.080,41.

O bloqueio ocorreu por ordem do juiz federal Sérgio Moro, no âmbito da Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato que coloca Palocci no centro de um esquema de corrupção envolvendo a empreiteira Odebrecht e propinas de R$ 128 milhões – parte desse valor teria abastecido o caixa do PT.

Moro ordenou o bloqueio de até R$ 128 milhões de Palocci, preso na segunda-feira, e de outros alvos da Omertà.

As investigações sobre o ex-ministro, na Lava Jato, apontam que Palocci tratava com a Odebrecht assuntos relacionados a quatro esferas da administração pública federal. São elas a obtenção de contratos com a Petrobrás relacionados a sondas do pré-sal; a Medida Provisória 460/2009, destinada a conceder benefícios tributários ao grupo Odebrecht; negócios envolvendo o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub); e financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras em Angola.

‘Caixa geral’. A força-tarefa da Lava Jato sustenta que a atuação de Palocci e de seu ex-chefe de gabinete, o sociólogo Branislav Kontic, ocorreu mediante o recebimento de propinas pagas pela Odebrecht, dentro de uma espécie de “caixa geral” de recursos ilícitos que se estabeleceu entre a empreiteira e o PT.

Conhecido como “Brani”, Kontic também foi preso.

A PF liga Palocci à planilha “italiano”, do Setor de Operações Estruturadas, considerada a área secreta de propinas da empreiteira. Segundo a Omertà, “italiano” é Palocci. A defesa do ex-ministro nega. Com base em planilha apreendida, identificou-se que, de 2008 a 2013, foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e a seus agentes, incluindo Palocci.

‘Proporcional’. “Para quem acha que isso é muito dinheiro, eu respondo claramente. Olhem aí os clientes da empresa (de Palocci), Banco Safra, Banco Itaú, Amil, JBS. Ou seja, é tudo proporcional. Quem ganha um salário mínimo acha que um juiz ou um promotor ganhar 70 mil reais por mês é um escândalo.

Esse é o problema. Cada qual no seu quadrado”, afirmou o criminalista José Roberto Batochio, defensor de Palocci. Na segunda-feira, a defesa do sociólogo disse que seu cliente não cometeu ato ilícito nem recebeu vantagem indevida.