O Estado de São Paulo, n. 44746, 21/04/2016. Política, p. A9

CONSELHEIRO DE TEMER VAI ASSESSORAR GOVERNO

Vice-presidente conversou com o ex-ministro Delfim Netto; secretário da Segurança de São Paulo negou ao governador que vá assumir a AGU
Por: Pedro Venceslau/ Valmar Hupsel Filho

 

Pedro Venceslau

Valmar Hupsel Filho

 

Embora o vice-presidente Michel Temer (PMDB) negue que já esteja fazendo convites e sondagens para um eventual ministério, o advogado José Yunes, conselheiro e amigo do peemedebista há mais 40 anos, afirmou ao Estado que será assessor especial da Presidência caso o processo de impeachment passe pelo Senado e o vice-presidente assuma o mandato.

“Serei aquele assessor com liberdade para fazer considerações positivas e negativas. Não levarei apenas notícias boas”, diz. Yunes foi deputado estadual duas vezes e deputado federal constituinte com Temer.

O vice-presidente se reuniu com Yunes no escritório do PMDB em São Paulo, que tem funcionado como sede do governo de transição. Além dele, políticos e amigos foram ao escritório e à casa de Temer.

Um deles foi o economista Delfim Netto, filiado ao PMDB, que almoçou na casa do vice ontem.Depois do encontro, em que esteve presente também o senador Romero Jucá (PMDBRR),Delfim,de 88 anos, brincou ao ser questionado se foi convidado para compor um eventual governo do peemedebista, que não tinha mais idade para isso.

“Você acha que eu sou louco de aceitar convite (para compor um ministério num eventual governo do peemedebista)?” Delfim foi um dos principais colaboradores econômicos do primeiro mandato de Dilma.

 

AGU. O advogado José Yunes disse ao Estado que o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes (PSDB), foi convidado para assumir a Advocacia-Geral da União. A notícia foi antecipada pelo jornal Folha de S.Paulo. Ontem, no entanto, Moraes informou a Alckmin que não aceitará convite para integrar o governo.

Moraes pensava no cargo como uma forma de realizar o sonho de ocupar, um dia, uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal. Anteontem, disse a um amigo que só aceitaria o convite se o governador permitisse. Seu nome também foi cotado para a pasta da Justiça.

Tucanos avaliam que a mudança seria um erro, já que Moraes, que trocou em 2015 o PMDB pelo PSDB, deixaria uma pasta de grande visibilidade em São Paulo, onde quer se cacifar para disputar o governo em 2018, para se tornar advogado do governo no esperado processo de judicialização que o PT e Dilma devem promover no STF