O globo, n. 30.176, 20/03/2016. País, p. 11

A Lava-Jato e as forças ocultas

Por: ANCELMO GOIS

 

Os diretores Aderbal Freire-Filho e José Padilha, ambos honra e glória de nossas artes, escreveram esses dias sobre a crise politica que infelicita o Brasil. Os dois são flamenguistas (o estádio da Gávea traz o nome de José Bastos Padilha, avô do diretor de “Tropa de elite”). Mas na política, hoje, estão em campos opostos. Aliás, em seu artigo, Aderbal usa metáforas futebolísticas e chama atenção dos que foram protestar contra a roubalheira: “Está bem, eles defendem seu time. Mas será que você não entrou, sem querer, no lado errado das arquibancadas do Maracanã?”

Ele deixa claro onde quer chegar: “... o que se quer dizer é que eleger a pauta do combate à corrupção como bandeira é uma tática para esconder outros interesses”.

Aí é onde a jararaca torce o rabo. Quais seriam estes outros interesses inconfessáveis?

1) Está claro que entre os que marcham contra o governo tem gente como Cunha e Bolsonaro.

2) Está claro também que a satanização da política, em voga, é ruim. Vale lembrar aquela batida frase de Winston Churchill: “A democracia é a pior de todas as formas de governo, excetuando-se as demais (aliás, isto depois da queda do muro de Berlim, ficou óbvio que países com grande progresso material e social são os regidos pela democracia)”.

3) É claro, finalmente, que temo uma certa politização (e até mesmo culto à personalidade) no Judiciário, embora, de um modo geral, seja ele o único dos Três Poderes que tem agido à altura deste momento histórico da nação.

Mas não adianta tapar o sol com artigos. A rua, repito, foi, domingo passado, tomada por gente com nojo e asco da roubalheira revelada pela Lava-Jato, sob o comando do juiz Sérgio Moro. A rua foi ocupada por cidadãos que pedem um basta nas relações promíscuas entre empresários e políticos. Dizer que sempre foi assim é fato. Mas não resolve o problema de José ou Maria que perderam o emprego em Macaé, devido à roubalheira na Petrobras. É como achar normal jogar lixo na rua porque este é o hábito entre os nativos daqui. Enfim, a rua foi tomada por quem não se conforma com o governo que quebrou o país e dá marcha à ré nos avanços econômicos e sociais. Neste sentido, concordo com Padilha, que escancara o mal que Lula faz à...

 

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Delcídio: ‘Lula e Dilma sabiam do esquema na Petrobras’

Em nota, presidente diz que processará senador por declarações à ‘Veja’

 

Em entrevista à revista “Veja”, Delcídio Amaral, ex- líder do governo no Senado, disse que a presidente Dilma Rousseff e o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva sabiam sobre esquema de corrupção na Petrobras. Delcídio, preso preventivamente durante a Operação Lava-Jato e libertado após delação premiada, revelou detalhes sobre um suposto plano para impedir que as investigações capitaneadas pelo juiz Sérgio Moro fossem adiante, e envolveu o nome de José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e atual titular da Advocacia-Geral da União.

A presidente Dilma reagiu às declarações de Delcídio. Em nota divulgada ontem, disse que vai tomar todas as medidas judiciais cabíveis para que ele seja responsabilizado “por todas as suas declarações caluniosas e difamatórias”. Em outro trecho a nota reafirma que o governo “nunca interferiu nas investigações da operação Lava-Jato e nem criou obstáculos a seu livre desenvolvimento. Do mesmo modo, nunca interferiu em decisões do Poder Judiciário.” Cardozo também informou, em nota, que processará Delcídio judicialmente pelas declarações à revista.

 

BLINDAGEM DE ACUSAÇÕES

À “Veja”, Delcídio contou também que Lula tentou interferir na Lava-Jato logo no início das investigações: “Na primeira vez que o Lula me procurou, eu nem era líder do governo. Foi logo depois da prisão do Paulo Roberto Costa (ex- diretor de Abastecimento da Petrobras). Ele estava muito preocupado. Sabia do tamanho do Paulo Roberto na operação, da profusão de negócios fechados por ele e o amplo leque de partidos e políticos que ele atendia. O Lula me disse assim: ‘é bom a gente acompanhar isso aí. Tem muita gente pendurada lá, inclusive do PT’. Na época, ninguém imaginava aonde isso ia chegar”.

O senador disse ainda que nem sempre a presidente e Lula agiram em consonância. Ele disse que o ex-presidente acreditava que Dilma e Cardozo tinham um acordo para blindá-la de eventuais acusações. “A condenação dele seria a redenção dela, que poderia, então, posar de defensora intransigente do combate à corrupção. O governo poderia não ir bem em outras frentes, mas ela seria lembrada como a presidente que lutou contra a corrupção”, afirmou.

Delcídio contou também que Dilma “se beneficiou diretamente do esquema, que financiou as campanhas eleitorais dela”. Segundo o senador, agora sem partido, a mandatária “sabia de tudo”: “A diferença é que ela fingia não ter nada a ver com o caso”.

Senadores relacionados:

  • Delcídio do Amaral

Órgãos relacionados:

  • Senado Federal