Título: Cirurgias comprometidas
Autor: Mader, Helena
Fonte: Correio Braziliense, 19/09/2011, Cidades, p. 17

A falta de médicos de algumas especialidades traz impactos em todos os setores dos hospitais públicos. Muitos cirurgiões ficam sem poder trabalhar, por exemplo, por causa do baixa número de anestesistas em atividade. Operações eletivas e até mesmo de emergência acabam canceladas quando não há médicos para preparar o paciente.

Dos 44 anestesistas convocados pelo governo no mês passado, apenas 19 tomaram posse. Mas, em apenas um mês, dois já pediram exoneração. O presidente da Sociedade de Anestesiologia do Distrito Federal, José Tadeu Palmieri, conta que muitos médicos aprovados desistiram da vaga porque foram designados para atender em locais distantes, como o Hospital de Santa Maria. Cerca de 80% dos aprovados acabaram deslocados para essa unidade. "A maioria queria trabalhar no Hospital de Base, alguns não aceitam mesmo atuar em hospitais da periferia, onde a demanda é muito grande. A questão dos salários e a falta de condições de trabalho também desestimulam os anestesistas a assumirem vagas na rede pública", justifica José Tadeu.

O subsecretário de Atenção à Saúde, Ivan Castelli, afirma que o governo paga uma gratificação aos profissionais que cumprem expediente em áreas mais afastadas. Mas nem esse aumento no contracheque motiva os profissionais a assumirem vagas em hospitais afastados do centro. "Quem trabalha longe de casa ganha uma gratificação de movimentação, que pode chegar até a 20% do salário. Mas, infelizmente, temos dificuldades em encontrar médicos dispostos a trabalhar em hospitais das cidades mais distantes do Plano Piloto", comenta Ivan Castelli.