O globo, n.30.028, 24/10/2015. País, p.7

Paulo Roberto e PP receberam propina de R$ 358 milhões

Dinheiro era de
contratos da Petrobras; Meurer levou R$ 29 milhões

-BRASÍLIA- Investigações da LavaJato apontam que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e a cúpula do PP receberam, entre 2006 e 2014, R$ 357,9 milhões desviados de contratos de empreiteiras com a estatal. Desse total, R$ 62,1 milhões eram guardados em um “caixa de propinas”, administrada pelo doleiro Alberto Youssef. Um dos maiores beneficiados pelo esquema foi o deputado Nelson Meurer (PP-PR). No mesmo período, ele recebeu R$ 29,7 milhões. A quantia foi dividida em 99 repasses de R$ 300 mil mensais.

O detalhamento das operações está na denúncia apresentada ontem pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra Meurer. Ele é acusado de ter cometido corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, Meurer também obteve, em 2010, “repasses extraordinários” para financiar sua campanha à reeleição na Câmara dos Deputados. Por meio de Youssef, foram entregues R$ 4 milhões ao deputado. Além disso, a construtora Queiroz Galvão transferiu R$ 500 mil a Meurer em dois repasses. Para a Procuradoria-Geral da República, era “propina disfarçada de doação eleitoral oficial”.

Os dois filhos do deputado, Nelson Meurer Junior e Cristiano Augusto Meurer, teriam contribuído para o recebimento do dinheiro e também foram denunciados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Janot pede que os três devolvam aos cofres públicos R$ 357,9 milhões. E que paguem danos morais à União no mesmo valor, no mínimo. Tudo acrescido de juros e correção monetária. O procurador pede a cassação de Meurer.

Em nota divulgada ontem, o PP “reitera que não admite a prática de atos ilícitos e confia na Justiça para que os fatos sejam esclarecidos”. Segundo a denúncia, em troca do dinheiro, Meurer e a cúpula do PP atuavam politicamente para manter Paulo Roberto no posto. As empreiteiras, por sua vez, concordavam em pagar a propina para garantir a continuidade do cartel que celebrava contratos com a Petrobras.