Título: Brasília puxa a inflação do país em julho
Autor: Braga, Gustavo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 06/08/2011, Economia, p. 19

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Capital registra IPCA de 0,6%, acima da média nacional de 0,16%. Com alta de 2,31% no DF, a gasolina teve maior peso no orçamento

A alta dos combustíveis está castigando o bolso dos brasilienses. Puxada pela gasolina, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) liderou o avanço dos preços na capital do país, com alta de 0,6% no mês passado. A média nacional ficou em 0,16%, resultado superior ao de junho (0,15%) e ao de julho de 2010 (0,01%). Com o resultado, a carestia fechou em 6,87% no acumulado dos últimos 12 meses. Só nos sete primeiros meses do ano, alcançou 4,04%.

Irene Machado, gerente de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), explica que a gasolina teve, sozinha, um impacto de 0,14 ponto percentual na inflação de Brasília. "Além do preço do combustível ter subido 2,31%, pesou o fato de o combustível ter uma participação alta (5,94%) no orçamento dos brasilienses, acima da média nacional, de 4%", explicou Irene. Na avaliação de Thiago Curado, analista da Tendências Consultoria, o preço dos combustíveis deve subir ainda mais em todo o país até o fim do ano, quando a entressafra da cana de açúcar agravará a escassez do etanol.

Face à alta dos combustíveis, o grupo transporte, que havia ficado negativo em 0,61% no IPCA de junho, subiu 0,46% em julho. A inflação do setor registrou, ainda, com o aumento de 5,8% nas tarifas dos ônibus interestaduais. Houve influência também dos reajustes em serviços de manutenção de automóveis (1,52%), pedágios (4,62%) e passagens aéreas (3,2%).

Alimentos A projeção da Tendências é de uma alta de 0,26% no IPCA de agosto e de 6,6% no acumulado de 2011, o que superaria o teto da meta, de 6,5%. Curado afirmou ainda que a inflação só não foi tão alta em julho devido à queda no preço dos alimentos, de 0,26%. Ele ressaltou que, por ser sazonal, esse atenuante vai desaparecer nos próximos meses. "Além disso, grandes categorias, como bancários e metalúrgicos, devem obter ganhos reais nas negociações no segundo semestre. Isso vai pressionar ainda mais a demanda, sobretudo no setor de serviços", ponderou.

O Banco Credit Suisse também prevê uma alta mais forte na inflação de agosto, de 0,25%, puxada pelos alimentos, que voltarão a subir após o período de safra. A instituição aposta também na aceleração dos gastos com educação, por conta da segunda rodada de reajustes nas mensalidades escolares.

Petrobras importará A Petrobras poderá importar gasolina no mês que vem para suprir o consumo interno, admitiu o diretor de Abastecimento e Refino da empresa, Paulo Roberto Costa. Os estoques atuais e a capacidade de refino da empresa atendem o mercado pelos próximos 30 dias. Mas a procura por combustíveis cresce a um ritmo superior ao esperado: uma expansão de 6%, na comparação com 2010.