A presidente Dilma Rousseff pretende manter a liderança do governo no Senado com o PMDB, apesar da reivindicação feita pelo PT para passar a ocupar a função. A avaliação do núcleo político do Palácio do Planalto é que um petista não teria comando sobre a bancada pemedebista, a maior da base aliada na Casa (19). Com a ida do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), que estava à frente da função, para o Ministério de Minas e Energia, Dilma precisa nomear novo líder do governo no Senado. O primeiro nome cogitado pelo Palácio do Planalto foi o do líder da bancada, Eunício Oliveira (CE), uma das lideranças do PMDB que ficaram insatisfeitas com a composição do ministério. Mas o cearense não quer trocar de posição no Senado. Passaram a ser cogitados os senadores Luiz Henrique (SC), Ricardo Ferraço (ES) e Waldemir Moka (MS) - ligados a Eunício -, embora todos tenham atuação independente. Ferraço coordenou a campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República em seu Estado. Senadores do PT, como Humberto Costa (PE), líder da bancada, e Jorge Viana (AC), primeiro vice-presidente do Senado, defendiam que Dilma nomeasse um petista para liderar o governo na Casa, a partir de um entendimento com o PMDB. Segundo eles, o objetivo seria somar forças com o aliado e fortalecer a articulação da base. Por esse raciocínio, a bancada pemedebista poderia ficar com a liderança do governo no Congresso, hoje ocupada por um senador petista, José Pimentel (CE). No entanto, a bancada do PT foi informada por interlocutores do Planalto de que a tendência é manter as duas funções com seus respectivos partidos. Pimentel quer deixar a liderança do governo no Congresso. Sua vontade é ocupar a primeira vice-presidência do Senado, cargo na Mesa Diretora hoje ocupado pelo senador Jorge Viana. O líder do PT, Humberto Costa (PE), disse que não há definição de nome, mas confirma que o partido pretende manter a primeira vice-presidência. Pela regra da proporcionalidade, cabe à maior bancada do Senado - o PMDB - indicar o candidato a presidente, cujo nome tem de ser submetido à eleição no plenário. A candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à reeleição ainda não foi oficializada, mas é considerada certa. Da mesma forma, Viana pode querer ser reconduzido a primeira vice, embora não seja praxe do PT. Pelo critério usado na divisão de espaço na Mesa Diretora, o maior partido faz a primeira escolha, o segundo maior partido faz a escolha seguinte e assim sucessivamente. A mesma regra é adotada pelas bancadas na distribuição das presidências das comissões permanentes. Os senadores petistas vão discutir a eleição da Mesa Diretora e a distribuição das presidências das comissões em reunião no dia 31 de janeiro, véspera do início da sessão legislativa. "Em princípio, não há posição pré-definida", afirma Costa. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante, tem sido a primeira escolha do PMDB. O PT preside a segunda comissão mais forte do Senado, a de Assuntos Econômicos (CAE), e deve mantê-la. Ex-chefe da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann (PR) é cogitada, mas outro petista, Walter Pinheiro (BA), é lembrado, pelas afinidades e atuação na comissão. Seu nome também é citado como opção para substituir Pimentel na liderança do governo no Congresso.

 

 

Cunha conclui roteiro de viagens a todos os Estados

20/01/2015 - Fonte:  Valor Online 

 

 
O candidato do PMDB à presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), concluiu ontem, no Pará, o roteiro de viagens pelos Estados para pedir votos para os parlamentares eleitos, com uma reunião com cinco dos oito deputados federais do Pará e encontros com o governador Simão Jatene (PSDB) e o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho (PSDB). Com a viagem, o pemedebista foi o único dos três candidatos a visitar os 26 Estados e o Distrito Federal na campanha pelo comando da Casa. Cunha estruturou sua candidatura há meses e foi o primeiro a lançar o nome oficialmente, já no dia 2 de dezembro, quando iniciou as viagens e reuniões com partidos e frentes parlamentares. O pemedebista, que até o dia da eleição, em 1º de fevereiro, deve fazer novas visitas aos Estados com maiores bancadas, já tem o apoio declarado dos ruralistas e evangélicos, além de PSC, SD, DEM e PTB - embora, em nenhum partido, exista unanimidade sobre uma única candidatura e as traições sejam comuns por causa do voto secreto. Já o candidato do PT, Arlindo Chinaglia, lançou o material de divulgação da campanha com um breve currículo e realizações de quando foi presidente da Casa na legislatura anterior, mas sem fazer nenhuma referência ao próprio partido. O PT elegeu a maior bancada da Câmara, mas vem de desgaste com as demais legendas por defender os projetos do governo na Casa. Eduardo Cunha, que cita quatro vezes o PMDB no panfleto de divulgação da candidatura, tem baseado sua campanha na "independência em relação aos demais Poderes" e repetido que a Casa não quer um petista como presidente para não ficar subserviente ao Executivo. Já Chinaglia não usa o termo independência no material de divulgação - diz que é preciso garantir uma "Câmara democrática, sem imposições externas ou até mesmo internas". No panfleto, Chinaglia promete ampliar o diálogo com a sociedade, dar isonomia salarial aos três Poderes, reajustar a verba de gabinete dos deputados (sem falar em qual percentual), construir um quinto edifício para abrigar os gabinetes dos parlamentares, "mudar a metodologia de compra de passagens aéreas para otimizar os recursos" da verba indenizatória e atuar para "garantir integralmente as prerrogativas parlamentares". O petista também não defende explicitamente o orçamento impositivo das emendas parlamentares individuais, proposta que se tornou uma das bandeiras do PMDB e que o governo não quer ver aprovada. Chinaglia afirma, no panfleto, que os "órgãos técnicas da Casa garantirão a efetiva implantação do ciclo orçamentário das emendas parlamentares". Apoiado por partidos de oposição e sem contar com um jatinho para fazer suas viagens, Júlio Delgado (PSB-MG) tem um roteiro de visitas aos Estados mais acanhado que seus adversários. Até o fim da semana terá visitado 12 Estados, mas não foi em todos que conseguiu se reunir com os deputados eleitos. Em São Paulo e Paraná, por exemplo, encontrou-se apenas com os governadores do PSDB, que prometeram empenho para conseguir votos.