A farra das aposentadorias especiais concedidas aos ex-governadores pressiona ainda mais o déficit dos regimes de previdência estaduais, que deve fechar este ano em R$ 53 bilhões, quase 10% das receitas correntes totais. Em 2013, o rombo foi de R$ 45,8 bilhões. O privilégio deixa evidente as disparidades do sistema: enquanto políticos garantem para o resto da vida um benefício acima de dois dígitos, a maioria dos trabalhadores incluídos no Regime Geral de Previdência Social, no INSS, precisa trabalhar a vida inteira (mais de 30 anos) para receber aposentadoria de R$ 4.390 (teto atual).

Os homens se aposentam depois de 35 anos de contribuição e as mulheres, 30 anos. E, ainda que tenham contribuído para receber o teto do INSS, dificilmente os trabalhadores conseguem receber o máximo. O cálculo é feito com base no fator previdenciário, que leva em conta a expectativa de vida - o que reduz o valor para quem se aposenta mais jovem e penaliza quem começou a trabalhar cedo. As pessoas podem se aposentar ainda por idade: 60 anos (mulher) e 65 anos (homens), mas precisam acumular uma contribuição de 15 anos, no mínimo. O benefício equivale ao salário mínimo.

Para técnicos da consultoria do orçamento da Câmara, a aprovação das aposentadorias especiais é uma "irresponsabilidade". A estimativa é que o conjunto dos fundos de previdência estaduais alcance um rombo de R$ 72,6 bilhões em 2020 e R$ 520,8 bilhões, em 2030. Os números são do Ministério da Previdência.