O mercado financeiro prevê que o câmbio encerrará o ano que vem em R$ 2,70, conforme pesquisa Focus, feita pelo Banco Central (BC) junto aos analistas das principais instituições financeiras do país. Há um mês, a expectativa era de R$ 2,60. Para este ano, estima-se que a divisa fique em R$ 2,55.

Segundo o professor do Ibmec Gilberto Braga, a previsão pode subir ainda mais porque, na próxima pesquisa do BC, os economistas já levarão em conta as declarações do presidente da instituição, Alexandre Tombini, no encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI), no Chile. Tombini indicou na última sexta-feira que a autoridade monetária não tentará segurar o dólar em 2015, mesmo com a inflação alta.

- O mercado está testando o BC sobre o patamar aceitável para o dólar. Foi uma declaração infeliz num momento inoportuno de transição - avalia Braga.

O programa de injeção de liquidez no mercado, com instrumentos cambiais, a "ração diária" de dólares do BC, deve continuar, mas não será ampliado. Isso estressou o mercado, e o dólar chegou a R$ 2,611 ontem, o maior valor desde 2005.

A valorização do dólar deve contribuir para a alta dos preços no ano que vem. A pesquisa do BC aponta IPCA em 6,5%, segundo os analistas, no limite da meta do BC. Na semana passada, a expectativa era de alta de 6,45%. Para este ano, a previsão é que o IPCA encerre 2014 em 6,38%, abaixo do teto da meta e da projeção da semana passada (6,43%).

Na esteira da inflação mais alta, os economistas aumentaram, pela primeira vez após quatro semanas, a projeção para a taxa básica (Selic), que deve fechar 2015 em 12,5% ao ano - hoje, está em 11,75%. Nas últimas quatro semanas, a pesquisa indicava taxa de 12% ao ano. O cenário para a política de juros deve ficar mais claro na quinta-feira, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgará a ata de sua última reunião.

A balança comercial registrou na primeira semana de dezembro superávit de US$ 398 milhões. As exportações somaram US$ 4,468 bilhões, e as importações, US$ 4,07 bilhões. No acumulado do ano, porém, o saldo está negativo em US$ 3,825 bilhões - diferença entre US$ 212,078 bilhões de vendas externas e US$ 215,903 bilhões em compras do exterior.