Dilma gastou R$ 350 milhões em sua campanha

Aécio teve despesas de R$ 216 milhões e ainda deve R$ 13 milhõesÍž já a presidente tem sobra de R$ 169 mil

­ BRASÍLIA E RIO­ O TSE divulgou ontem os dados de arrecadação das campanhas da presidente Dilma Rousseff e do tucano Aécio Neves. A petista arrecadou ao longo dos quase quatro meses de campanha R$ 350,8 milhões, o que lhe garantiu fechar com uma sobra de R$ 169 mil. Enquanto isso, o tucano gastou R$ 216 milhões, mas coletou R$ 201 milhões e registrou uma dívida de R$ 15 milhões.

Segundo o tesoureiro do partido, o déficit ontem caíra para R$ 13 milhões.

Empresas investigadas na Operação Lava­Jato tiveram participação importante na arrecadação dos dois candidatos. Sete das dez empresas envolvidas doaram R$ 49,2 milhões para a campanha de Dilma. O montante equivale a 14% dos recursos da campanha petista. Cinco fizeram doações para a campanha de Aécio, no valor total de R$ 15,17 milhões, o equivalente a 7,5% da arrecadação tucana.

Para Dilma, quem mais contribuiu foi o grupo OAS, com R$ 20 milhões, seguida do grupo Odebrecht, com R$ 14 milhões. Contribuíram ainda a UTC Engenharia ( R$ 7,5 milhões), Queiroz Galvão ( R$ 3,5 milhões), Camargo Corrêa ( R$ 2 milhões) e Galvão Engenharia ( R$ 2 milhões). Outra empresa investigada, a Engevix, aparece na prestação de contas de Dilma por meio de doações indiretas de R$ 19 mil feitas a direções estaduais. Camargo Corrêa e Queiroz Galvão também fizeram repasses para outros comitês. Das empresas investigadas, só Mendes Júnior, Iesa Óleo e Gás e Toyo Setal não contribuíram com a campanha de Dilma.

Nas contas do tucano, as empresas do grupo Odebrecht, incluindo a petroquímica Braskem, doaram R$ 6 milhões. A OAS aparece em seguida, com R$ 4 milhões. No caso da OAS, todas as doações foram feitas à direção nacional do PSDB, que repassou o dinheiro para o comitê financeiro do candidato. A Queiroz Galvão também se valeu da direção nacional tucana para doar R$ 2,17 milhões. O mesmo fez a

Camargo Corrêa, com R$ 500 mil. Já a UTC, da mesma forma que a Odebrecht, preferiu doar para o comitê do candidato: R$ 2,5 milhões. Outras cinco empreiteiras investigadas na Lava­Jato (Mendes Júnior, Engevix, Iesa, Galvão Engenharia e Toyo Setal) não doaram.

O maior doador individual da campanha petista foi o grupo JBS S.A, que atua no setor de carnes e é fortemente financiado pelo BNDES. Foram repassados R$ 54 milhões diretamente à campanha de Dilma.

A empresa doou ainda outros R$ 19,1 milhões a outros candidatos, comitês e diretórios, que repassaram os recursos para fechar as contas da presidente. Assim, R$ 73,1 milhões do que foi gasto na campanha veio da empresa. Aécio recebeu R$ 20,184 milhões da JBS.

PEZÃO TEVE SOBRA DE R$ 57 MIL

A JBS informou que suas doações visaram a contribuir com o debate democrático.

Apesar do rombo de R$ 15 milhões, o tesoureiro da campanha do PSDB, José Gregori, diz que a arredação continua.

— O candidato Aécio, o partido e os credores estão tranquilos. Não há risco de calote. Há saldos de doações que continuam entrando — afirmou Gregori.

No Rio, o governador eleito Luiz Fernando Pezão ( PMDB) chegou ao fim da campanha com sobra de R$ 57 mil, enquanto o senador Marcelo Crivella ( PRB), derrotado no segundo turno, ainda deve R$ 657 mil. A campanha de Pezão gastou R$ 45 milhões, seis vezes mais do que a do ex­ ministro da Pesca, que declarou ao TSE ter tido despesas na ordem de R$ 7,3 milhões.