Título: Assessores sob risco de prisão
Autor: Falcão, Márcio
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/05/2008, Politica, p. A10

Brasília, 20 de Maio de 2008 - Os principais personagens do vazamento do dossiê com gastos sigilosos do casal Fernando Henrique Cardoso, o ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires e André Eduardo Silva Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) poderão passar hoje por uma acareação na CPMI dos Cartões. Antes dos depoimentos dos dois servidores, os parlamentares da CPMI vão conhecer o teor dos relatos deles sobre o episódio no inquérito da Polícia Federal que também investiga o caso. A cópia dos depoimentos foi lacrada em três envelopes e trancada num cofre da comissão. A idéia da oposição é cercar as possíveis contradições para emplacar uma acareação. A oposição acredita que colocando Aparecido e Fernandes frente a frente conseguirá envolver pelo menos a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra na confecção do dossiê. Na CPMI, a expectativa é de que o assessor do tucano sustente que Aparecido lhe disse que Erenice coordenou a coleta de informações e a montagem do dossiê. Já Aparecido deve permanecer calado, uma vez que foi indiciado pelo delegado na última sexta-feira por violação de sigilo funcional. "Só o fato de um falar tudo e outro permanecer calado já revela a necessidade de uma acareação", justifica o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). De acordo com o plano de trabalho elaborado pela presidente da CPMI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), o ex-servidor da Casa Civil e Fernandes serão ouvidos separadamente. A previsão é que os dois depoimentos durem de pelo menos 9 horas. Fernandes será o primeiro a depor, a partir das 10h. Na seqüência será ouvido Aparecido. A CPI deixará cada um incomunicável enquanto o outro prestar depoimento. Para que ocorra a acareação, a CPMI precisará apenas aprovar o requerimento do deputado Carlos Willian (PTC-MG). "Se tiver uma contradição flagrante vai ser muito difícil não colocar os dois frente a frente", destaca a presidente da CPMI. Com a descoberta do vazamento do dossiê a CPMI ganhou sobrevida. Segundo laudo preliminar do Instituto de Tecnologia da Informação (ITI), responsável pela perícia nos computadores da Casa Civil indicou que o arquivo foi remetido a André a partir de uma troca de e-mails entre ele e Aparecido. A presidente da CPMI já fala em prorrogar os trabalhos em mais 30 dias. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)()