Título: Baixa renda, mercado promissor para seguradoras
Autor: Medeiros, Cesar
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/04/2008, Opiniao, p. A3

Um cenário interessante começa a ser montado na realidade sócio-econômica do país. Pesquisa recente realizada pelo Instituto Data Popular em parceria com Aon Affinity do Brasil revelou que o futuro do mercado de seguros está na baixa renda. Segundo o estudo "A Base da Pirâmide e a Aquisição de Seguros", 81,5% da base da pirâmide, com renda familiar de até 10 salários mínimos, deseja adquirir algum tipo de proteção residencial. Além disso, 72% do mercado potencial para seguro de vida também está na baixa renda, que já detém mais apólices do que a alta renda -- 60,3% dos entrevistados que já possuem seguro de vida são das classes C e D. Assuntos relacionados à baixa renda ganharam mais impacto depois que o professor bengalês Mohammed Yunus e o Grameen Bank foram premiados com o Nobel da Paz, em 2006, por desenvolverem ferramentas para dar força às microfinanças, no qual se insere o seguro massificado. Esses seguros tornaram-se a grande tendência do mercado para os países pobres e emergentes: em todo o mundo, 80 milhões de pessoas são atendidas por essa modalidade de seguro; dessas, 7,8 milhões com apólices de residência. No Brasil, o potencial estimado é de um mercado de 100 milhões de pessoas com renda de US$ 170 bilhões. Os dados, publicados pela Gazeta Mercantil (26/12), explicam o interesse por seguros massificados, ou microsseguros. Ainda de acordo com a publicação, a maior parte da população dos países emergentes é representada pelas classes de baixa renda, de forma que tirá-los dessa condição significa um custo a menos para o Estado, que passará a receber a maior contribuição para a riqueza nacional. O estudo aponta que grande parte da população de baixa renda é formada por profissionais autônomos e informais, sem carteira assinada. A falta da segurança financeira poderia ser um fator de ameaça à venda dos seguros massificados, como o residencial e o de vida, mas essa não é a realidade. Com o acesso a crédito, este consumidor passa a pensar não apenas no que compra, mas também em como proteger os bens aos quais tem acesso. É um mercado com grande potencial, que movimentou, em 2007, cerca de R$ 550 bilhões. De acordo com os entrevistados, o que motiva a aquisição de seguros é a antecipação de algum imprevisto: quem possui seguro é visto como prevenido por 67,5% dos entrevistados. O desafio está em criar produtos de baixo custo, com coberturas adequadas à realidade da maioria da população brasileira, com preços acessíveis, que não pesem no orçamento familiar e que ofereçam proteção à família e ao patrimônio. É preciso também desmistificar os seguros, mudar a percepção de que são um gasto a mais e tornar o acesso a eles menos burocrático. Os entrevistados buscam no momento da compra do serviço um meio que transmita solidez. A percepção aponta para um dos principais desafios do mercado de seguros populares: tornar os canais de vendas alternativos, como concessionárias de energia, telefonia e redes de varejo, uma opção tão sólida quanto os convencionais. A Aon Affinity também busca a melhora da qualidade de vida da população. A venda de seguros massificados torna viável, às classes menos favorecidas da população, a contratação de serviços que até bem pouco tempo eram privilégio para poucos. Ofertado a preços acessíveis, por meio de parcerias com empresas prestadoras de serviços públicos e privados, redes de varejo e grupos de afinidades, permite a membros das classes C e D proteger suas famílias e parte de um patrimônio adquirido com anos de dedicação e muito trabalho. Abre-se, neste caso, uma pequena brecha para o árduo, porém mais que necessário, trabalho de inclusão social, sem que tal ação exclua, por parte da Aon Affinity e companhias parceiras, a busca por alianças estratégicas, novos mercados e aumento de suas margens com a ampliação do leque de serviços à disposição de seus consumidores. O mercado segurador está diante de uma realidade talvez nunca vivida até então - são oito milhões de brasileiros que ascendem socialmente a cada ano e, no mínimo, oito milhões de novas oportunidades. Para atingir esse novo público, é necessário adequar a linguagem, encontrar os canais necessários para chegar com clareza até ele e apresentar soluções inteligentes e eficazes. kicker: O mercado aqui é de 100 milhões de pessoas, com renda total de US$ 170 bilhões (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 3) CÉSAR MEDEIROS* - Diretor de Marketing da Aon Affinity do Brasil)