Título: Empresas investem mais na busca e retenção de talentos
Autor: Monteiro, Marcelo
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/04/2008, Vida Executiva, p. C9

A concorrência de outras companhias e a escassez de profissionais com competências diferenciadas está obrigando as empresas de todo o mundo a investirem mais na retenção de seus talentos. Nos últimos 12 meses, os custos com o recrutamento e a manutenção de pessoal aumentaram em média 59% em relação aos 12 meses anteriores. A conclusão é da pesquisa International Business Report, realizada pela Grant Thornton International, representada no Brasil pela auditoria e consultoria Terco Grant Thornton. O levantamento ouviu representantes de 7,8 mil empresas privadas - não-listadas em bolsas - de 34 países. Também segundo a pesquisa, os gastos das companhias com o pagamento de seus staffs subiram 63% no período. Para o sócio da Terco Grant Thornton Wanderlei Costa Ferreira, a falta de funcionários altamente capacitados está levando a uma revolução no meio corporativo. "Os empresários já perceberam que não é apenas o salário que atrai os executivos", afirma Ferreira. "Então muitas empresas já oferecem benefícios diferenciados." Segundo ele, manter um funcionário motivado é uma das melhores formas de se fazer marketing. "Por isso, as organizações estão se esforçando para agradar o staff e manter seus profissionais." A pesquisa mostrou que nos últimos 12 meses 59% das empresas tiveram maiores despesas para encontrar e manter funcionários adequados às vagas, incluindo as de executivos. Entre as empresas brasileiras, o índice foi de 61%. Em alguns países, como Vietnã (84%), China (81%), Índia (79%) e México (79%) , a elevação dos gastos com recrutamento foi bem-superior à registrada no Brasil. "A falta de colaboradores e o aumento da competição estão levando as empresas de capital fechado a criarem políticas de recrutamento e retenção de pessoal", diz o líder global da área de empresas não-listadas em bolsas da Grant Thornton International, Alex MacBeath. Entre todas as companhias pesquisadas, quase dois terços (64%) afirmaram estar trabalhando para reter os funcionários, certificando-se que eles conhecem os valores e missão da companhia. E, em um contexto de escassez de profissionais, as empresas também estão preocupadas com a sucessão de seus gerentes e diretores. Por isso, 57% delas estão dando treinamento e criando oportunidade de ascensão aos funcionários. Conforme Ferreira, reter profissionais é importante para o sucesso de todas as empresas no longo prazo. Entretanto, é um fator crítico principalmente para as companhias privadas não-listadas em bolsas. "O recrutamento é um processo caro e uma organização que está sempre perdendo seus talentos não vai progredir e crescer", afirma. O consultor diz ainda que a rotatividade de profissionais gera um clima negativo na empresa. "Mudar constantemente de colaboradores aumenta o trabalho de quem permanece, criando desconforto na equipe", diz Ferreira. "Oferecendo benefícios, dificilmente os profissionais deixam a empresa apenas por causa do salário." Para ele, o relacionamento do profissional com a companhia se assemelha a qualquer outra relação interpessoal. "Esse relacionamento leva em conta se o colaborador acredita no que faz, com quem ele trabalha, os valores da organização e o tratamento que recebe." A pesquisa também detectou a elevação dos gastos das empresas com suas equipes. A China é o país onde as empresas mais ampliaram suas despesas no período pesquisado (aumento de 91%). Já no Brasil, onde foram ouvidas 150 empresas (cem de São Paulo, 25 do Rio de Janeiro e 25 de Salvador), a elevação chegou a 66%. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9)(