Título: ACM acena com apoio ao governo
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/09/2004, Política, p. A-7

A convivência conflituosa entre os diversos grupos do PFL pode acabar proporcionando ao Planalto a tranqüilidade que o governo jamais teve nas votações de projetos no Senado. Liderados pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), parlamentares insatisfeitos, de diversas legendas, pretendem intensificar o diálogo e votar a favor das projetos que interessem ao Planalto -e que sejam bons para o País - independentes de posições partidárias.

"O maior exemplo disso acontece na questão das Parcerias-Público-Privadas (PPPs). Se o projeto for melhorado, não há porque votarmos contra", reconheceu ACM.

O senador baiano admite que as negociações ainda estão incipientes. Mas que o cenário político poderá se modificar após as eleições e não está descartada, inclusive, o surgimento de uma nova legenda em 2005. Integrantes do grupo reconhecem que o Planalto tem visto com bons olhos essa movimentação. Há duas semanas, ACM reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a sós, no Palácio do Planalto. "O presidente sabe que a base dele não ajuda. Por isso, conversa conosco", resumiu.

Na Câmara dos Deputados , o grupo está bem mais diluído e praticamente restrito à bancada do PFL da Bahia. O quadro atual é fruto de uma deterioração que surgiu durante as votações da reforma da Previdência, em 2003, evoluiu em outros embates políticos internos e culminou na tensa reunião que reconduziu o líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), ao cargo. "Se o governo for inteligente, vai jogar a nosso favor. No Senado, ACM afirma consegue a maioria para o Planalto facilmente", apostou um parlamentar pefelista.

A matemática é simples. O grupo suprapartidário no Senado reúne 14 parlamentares, um a mais do que a bancada petista na Casa. Na Câmara, a situação é mais complicada. Por enquanto, as conversas arregimentam apenas cerca de 40 deputados do PFL.

Caso a proposta vingue, não será o primeiro grupo independente que se forma nos corredores do Congresso.