Título: Agronegócio impulsiona as exportações de Goiás...
Autor: Rita Karam
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/08/2004, Gazeta do Brasil, p. B-15

Vendas externas crescem 49% no 1º semestre e governo prevê concluir o ano com uma receita de US$1,5 bilhão. As exportações goianas cresceram 49% no período de janeiro a julho deste ano, totalizando US$ 814,3 milhões. Só em julho a receita obtida foi 109,4% maior do que a de igual mês de 2003, com US$ 144,8 milhões. De acordo com o titular da Secretária de Estado do Comércio Exterior, Ouvídio de Angelis, houve crescimento nos principais itens da pauta de exportação de Goiás, cerca de 90% deles produtos do agronegócio como a soja e as carnes.

A previsão do secretário goiano é de que as vendas externas do estado alcancem US$ 1,5 bilhão este ano, 36% acima de 2003 quando somaram US$ 1,1 bilhão. "Devemos conseguir um superávit de US$ 900 milhões", calcula Angelis. Pela ordem, os principais mercados para os produtos de Goiás são a União Européia, a Ásia e os Estados Unidos. Segundo o secretário, em dois anos Goiás dobrou sua participação nas exportações brasileiras de 1% para 2%.

Um dos principais motivos para o melhor desempenho no mercado externo é o maior esforço de divulgação dos produtos goianos particularmente por meio de missões comerciais enviadas ao exterior e recebidas em Goiás, disse Angelis.

Benefícios e incentivos

Além disso, afirmou, houve uma parceria entre governo e iniciativa privada com a concessão de benefícios e incentivos fiscais para impulsionar o desenvolvimento da economia local, com a absorção de tecnologias mais avançadas e investimento na qualificação da mão-de-obra para garantir maior competitividade às empresas.

O resultado do esforço exportador foi um salto significativo nos números. Em 1993 as exportações de Goiás somaram US$ 248,6 milhões, em 1998 foram US$ 381 milhões e em 2002 atingiram US$ 649 milhões. Os US$ 1,1 milhões do ano passado representam um dos crescimentos mais expressivos da década, 69,8%. Em 2003 o estado ultrapassou pela primeira vez a barreira de US$ 1 bilhão e obteve seu maior superávit comercial com US$ 725 milhões.

As importações aumentaram menos, 15,2%, e passaram de US$ 326,8 milhões em 2002 para US$ 376,7 milhões no ano passado. "Mas são principalmente máquinas e implementos agrícolas, insumos e matérias-primas para viabilizar o aumento da produção", afirmou Angelis.

Atualmente, de acordo com dados da secretaria goiana, entre as principais empresas exportadoras do estado estão a Caramuru Alimentos (soja, milho e derivados), Mineração Serra Grande (ouro), Bertin (carne bovina), Franco Fabril-Alimentos (frango), Friboi (carne bovina), SAMA- Mineração de Amianto (amianto), Sementes Selecta, Perdigão Alimentos (aves e suínos) e o Frigorífico Goiás Carne (carne bovina).

Os produtos mais exportados em 2003, pela ordem, foram soja (US$ 655,5 milhões), carnes (US$ 176,1 milhões), Ouro (US$ 80 milhões), ferroligas (US$ 50,7 milhões), amianto (US$ 35,8 milhões), couros (US$ 23,7 milhões) e algodão (US$ 15,8 milhões).

Angelis informou entretanto, que o movimento exportador está crescendo também entre as médias, pequenas e microempresas do estado que responderam por 2,9% das vendas externas do ano passado, um total de US$ 32, 3 milhões. "Quando não conseguem exportar sozinhos, esses empresários unem-se para garantir presença no exterior", afirmou o secretário. Os principais produtos exportados pelas empresas menores são: couro (2,13% de participação no total), óleo de manteiga (0,21%), queijos (0,19%, pedras preciosas (0,16%), leite em pó (0,14%), confecções (0,04%), calçados (0,02), cadeiras de rodas (0,014%) e obras madeira (0,0013%).

Segundo Angelis, embora ainda limitadas, o estado tem condições de ampliar as exportações dessas áreas. Como exemplo o secretário cita as confecções, cerca de 5 mil no estado que é atualmente o quarto polo confeccionista do Brasil.

Além de diversificar a pauta de exportação, os empresários goianos aumentaram também os mercados atendidos. Em 1998, o estado mandava produtos para 69 países, em 2003 eram 111 e este ano, até julho, 118 países receberam artigos de Goiás. Entre os novos mercados estão Malta, Chipre, Letônia, Lituânia, Birmânia, Gâmbia, Estônia e Iraque.

Outra conquista destacada por Angelis foi a exportação de soja para a China. "No ano passado praticamente não exportamos nada de soja para lá. Este ano em alguns meses o país chegou a ocupar o primeiro lugar no ranking de exportação de Goiás", afirmou o secretário. E o estado prepara para novembro uma missão comercial para Índia, China, Coréia e Japão com o objetivo de estreitar mais os laços comerciais com esses países. "Vamos também buscar investimentos novos. A Coréia tem US$ 300 bilhões investidos no mundo. O Brasil ficou apenas com 1% disso", afirmou Angelis. "Goiás lidera o agronegócio no Centro-Oeste e tem condições de ser um dos líderes mundiais porque temos grandes áreas disponíveis", disse.