Título: Brasil é o principal pólo de atração da América Latina
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/11/2004, Nacional, p. A-6

Pesquisa da Unctad mostra o país à frente do México, Argentina e Chile. Pesquisa divulgada ontem pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) traz o Brasil como o principal pólo de atração de investimentos na América Latina para os próximos três anos. O país aparece à frente do México, da Argentina e do Chile. O mesmo trabalho também mostra, no entanto, que a América Latina e o Caribe registraram uma queda dos investimentos estrangeiros diretos (IEDs) pelo quarto ano consecutivo, com os fluxos retornando a níveis de 1996. Os ingressos de IEDs se reduziram pela metade no período 1999-2003, e Argentina, Brasil e México foram os países mais atingidos. Os principais fatores do declínio foram um crescimento decepcionante do Produto Interno Bruto (PIB), uma queda do volume de fusões e aquisições entre estes países, e o desaparecimento dos programas de privatização que haviam alimentado os fluxos dos IEDs na região.

Segundo o estudo da Unctad ¿ que reuniu a opinião de empresas transnacionais, agências de promoção de investimentos e especialistas em investimentos ¿, para o curto prazo as perspectivas para os IEDs dependerão da recuperação econômica dos principais beneficiários, e do crescimento da América Latina e região do Caribe. Embora a recuperação econômica de ambos os lados do Atlântico possa reverter o componente cíclico do recente declínio dos investimentos na região, o vigor da recuperação destes fluxos também depende da eficiência de cada país em solucionar seus problemas estruturais. As perspectivas a respeito dos fluxos de IEDs no período 2004-05, embora positivas, divergem entre os grupos pesquisados.

As agências de promoção de investimentos vêem perspectivas brilhantes, mas as empresas transnacionais se mostram mais cautelosas em suas expectativas, muito embora o crescimento do PIB possa acelerar em 2004 e aproximar-se dos 4% na região. A médio prazo, isto é, no período de 2006-2007, as agências de promoção de investimentos prevêem a melhoria das perspectivas para a região, e 86% dos entrevistados manifestaram considerável otimismo quanto ao aumento dos IEDs. Entretanto, embora as expectativas a médio prazo sejam melhores do que para o curto prazo, ainda ficam atrás de todas as outras regiões em desenvolvimento. Este otimismo de certo modo moderado pode ser explicado por fatores como a lenta recuperação econômica de alguns países.

A prazo mais longo, as perspectivas para os IEDs na região dependem do êxito com que os países da região enfrentarão suas debilidades estruturais.

A força dos recursos naturais

Na opinião dos entrevistados, os maiores beneficiários dos fluxos de investimentos estrangeiros diretos de cada região do globo deverão continuar sendo os mais prováveis receptores destes recursos no futuro, com algumas importantes exceções. As respostas sugerem que são os recursos naturais de um país ¿ e não seu grau de estabilidade econômica ou política ¿ que determinam a probabilidade de a região receber fluxos maiores de IEDs no futuro.