Título: Agronegócio paulista terá ferroanel
Autor: Ana Paula Machado
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/10/2004, Gazeta do Brasil, p. B13

O projeto anunciado por Roberto Rodrigues prevê a construção de 70 Km de ferrovia e investimentos de R$ 700 milhões. A construção do Ferroanel, em São Paulo, poderá sair do papel. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou ontem em Belo Horizonte, que este ramal é fundamental para atender a demanda crescente por transporte ferroviário do agronegócio. A nova linha, ligará a cidade de Campo Limpo Paulista à linha tronco da MRS Logística em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. O projeto prevê a construção de aproximadamente 70 quilômetros de ferrovia e demandará investimentos da ordem de R$ 700 milhões.

Segundo o presidente da MRS, Júlio Fontana, a empresa formatará o projeto ainda este ano e discutirá com o governo federal quais serão as fontes de recursos, se por Parceria- Público-Privada (PPP) ou pelo encontro de contas da concessionária com a Rede Ferroviária Nacional. "O ministro acredita que este plano será viável pela PPP, mas existem outras formas de se fazer o investimento", comentou. O executivo acrescentou que somente para o porto de Santos haverá um incremento de seis milhões de toneladas transportadas por ano pelas ferrovias administradas pela MRS.

"No total, a expectativa é uma elevação de 30 milhões de toneladas/ano com o novo ramal em operação", afirmou Fontana, durante o seminário "Desafios de logística para o agronegócio" realizado ontem em Belo Horizonte. "A pressão da demanda está aumentando e não temos um modelo estruturado para que os investimentos na malha ferroviária aconteçam. O governo federal tem que definir logo essas regras", cobrou Fontana.

Outro projeto que aguarda definição do governo federal para reduzir gargalos nas ferrovias no País é a construção de um novo ramal no trecho entre as cidades de Ibiá e Sete Lagoas em Minas Gerais, a chamada Serra do Tigre. O modal é administrado pela Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e tem 500 quilômetros de extensão. De acordo com o projeto, serão construídos 450 quilômetros de ferrovias em um traçado mais moderno que incrementaria o transporte no local.

"O trecho atual tem 500 quilômetros de extensão, porém é um modal muito antigo que diminui a velocidade dos trens", disse o diretor da área de Logística da Companhia Vale do Rio Doce, Guilherme Laager. Por dia 10 trens trafegam pelo trecho, transportando 5 milhões de toneladas de grãos por ano. Com o novo ramal, o tráfego passará para 30 trens por dia e 15 milhões de toneladas de grãos transportadas por ano. "Esses investimentos eliminam os gargalos até a travessia de Belo Horizonte. Além disso, com o novo ramal em operação, poderão ser transportados cerca de US$ 15 bilhões em produtos destinados ao comércio exterior", acrescentou o executivo.

Travessia

A projeto Travessia de Belo Horizonte também está sob análise do governo federal. Orçado em R$ 90 milhões, o estudo prevê a retificação e duplicação de todo o traçado ferroviário na capital mineira. De acordo com o plano, haverá a eliminação das seis passagens em nível (cruzamentos de ferrovia com rodovia) no local, a segregação da ferrovia por muros, reduzindo, drasticamente, a interferência da ferrovia com as comunidades e a construção de dois viadutos e duas passarelas no trecho.

O gerente-geral de manutenção da FCA, concessionária do trecho, Albeny Andrade, esclareceu que o projeto já foi submetido à apreciação da RFFSA, do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. O início das obras depende da aprovação do DNIT. "Esse projeto resolveria problema do trecho em Belo Horizonte", disse.