Título: Argentina quer menos sapatos brasileiros
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2004, Indústria & Serviços, p. A-10

O secretário de Indústria argentino, Alberto Dumont, pediu ontem que a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) não aumente as exportações para a Argentina. Dumont acatou pedido das empresas locais, que se queixam de suposto excesso das vendas brasileiras de calçados para aquele mercado. O secretário também pediu que os fabricantes dos dois países cheguem a um acordo, ou pelo menos a "um pacto de cavalheiros", que permita o desenvolvimento da indústria nacional a médio prazo e evite os conflitos, segundo porta-vozes oficiais do governo argentino.

Dumont reuniu-se ontem com o presidente da Abicalçados, Elcio Jacometti, e diretores de empresas brasileiras para analisar a situação de conflito provocada pelas denúncias da indústria argentina sobre uma suposta "invasão" dos sapatos brasileiros. Neste sentido, disseram as fontes, foi analisada a situação do mercado local depois que as empresas asseguraram que o Brasil está perto de atingir a quota de entrada de 13 milhões de pares de sapatos, que tinha sido pactuada com as companhias brasileiras.

"Não houve acordo algum"

Segundo Jacometti, entre janeiro e agosto, foram exportados para a Argentina 7 milhões de pares, motivo pelo qual seria "muito difícil" superar 13 milhões de pares neste ano. Além disso, o presidente da entidade assegurou que "não houve acordo algum" com as empresas argentinas para fixar cotas de entrada. De acordo com Jacometti, o montante de 13 milhões de pares corresponde a "uma previsão" de exportações que a Abicalçados fez para 2004.

Os empresários brasileiros também analisaram com Dumont o andamento das negociações comerciais do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) com a União Européia, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e outros países ou blocos. O presidente da Abicalçados disse que saiu "muito satisfeito" da reunião com Dumont, a quem advertiu que o Mercosul "deve estar muito atento" ante o desafio comercial que a China representa.

A reunião aconteceu paralelamente às conversações mantidas entre os empresários do setor de eletrodomésticos dos dois países para superar conflitos comerciais.