Título: BC atua, mas dólar tem recuo de 0,25%
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Fonte: Gazeta Mercantil, 27/05/2009, Finanças, p. B2

São Paulo, 27 de Maio de 2009 - O dólar chegou a subir mais de 1% pela manhã, mas sem sustentação fechou a terça-feira em baixa de 0,25%, vendido a R$ 2,02. Além do fluxo de capitais que segue firme em direção ao Brasil, a movimentação dos investidores - principalmente estrangeiros e hedge funds - com posições vendidas na opção de dólar a R$ 2 no mercado de derivativos, tendem a forçar as cotações da moeda para baixo deste patamar para maximizar os ganhos.

Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora, lembra que além do volume expressivo em opções, há vencimento de cerca de US$ 3,4 bilhões em contratos de swap cambial reverso no início de junho, em que os players vendedores são credores de juro e o Banco Central, comprador, credor da variação cambial positiva. Essa operação foi realizada com o preço do dólar ao redor de R$ 2,14, no dia 5 de maio e desde então, o dólar à vista já apura queda de 5,16%.

"A variação cambial está negativa com ônus ao Banco Central (BC) e um ganho adicional aos players, que já têm assegurado o juro previsto na transação. Quanto maior a apreciação do real esta semana, maior será o ganho dos investidores que venderam moeda ao BC nessa operação", observa a executiva.

Miriam pondera, entretanto, que com o cenário externo mais cauteloso, pode ficar adiada para os próximos dias a possibilidade de que a moeda norte-americana rompa o piso de R$ 2. Mas novos fatos contribuem para fortalecer a percepção de que o país não corre riscos de problemas no ambiente cambial.

Para fazer frente ao fluxo, o BC voltou a comprar dólares no mercado à vista.

Já no mercado de juros, desde a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) a curva de juros futuro vem reduzindo os prêmios dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) diante da expectativa cada vez maior de que a taxa Selic continuará caindo. O DI com vencimento em janeiro de 2010 apontou taxa anual de 9,26%, ante 9,29% do ajuste anterior.

Analistas ressaltam que os últimos dados sobre atividade alimentam as perspectivas de que não há ambiente para pressão inflacionária e que o colegiado do Banco Central (BC) precisa se mexer para estimular a indústria. Tanto que nos mercados vem ganhando força a precificação de redução de 0,75 ponto porcentual no juro, com possibilidade de até 1 ponto no encontro do mês que vem. Atualmente, a taxa Selic está em 10,25% ao ano.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(InvestNews)