Título: Kerry e Bush aceitam a realização de três debates pela televisão
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Fonte: Gazeta Mercantil, 21/09/2004, Legislação, p. A-10

Os coordenadores de campanha do republicano George W. Bush e do democrata John Kerry aceitaram ontem realizar três debates entre os dois candidatos e devem fazer um anúncio formal em breve, segundo fontes de ambas as partes. Reed Dickens, porta-voz da campanha de Bush, disse que um acordo foi formalizado por escrito e seria oficialmente divulgado. Não deu detalhes sobre o acordo, mas outra fonte disse que serão três, a partir de 30 de setembro.

Esses eventos podem definir a eleição de 2 de novembro, cujo resultado ainda está indefinido. Ontem, Kerry e Bush ofereceram uma prévia, ao trocarem acusações, em locais diferentes, sobre a questão do Iraque. Os republicanos inicialmente queriam a realização de apenas dois debates entre os candidatos a presidente e de um entre os vices. A Comissão para Debates Presidenciais, um grupo bipartidário, defendia três debates entre os titulares, posição apoiada pela campanha de Kerry e que acabou prevalecendo.

Aparentemente, os republicanos cederam porque temiam que uma longa polêmica sobre a quantidade de debates pudesse prejudicar a campanha de Bush. A comissão disse na semana passada que era necessário surgir um acordo até segunda-feira para que houvesse tempo hábil para organizar os debates. Ela marcou o primeiro deles para 30 de setembro, em Coral Gables, Flórida. O segundo deve acontecer em 8 de outubro em Saint Louis, Missouri, e o terceiro será cinco dias depois, em Tempe, Arizona. Todos os debates terão duração de 90 minutos.

Além disso, deve ocorrer um debate entre o atual vice-presidente, Dick Cheney, e o aspirante democrata ao cargo, John Edwards, no dia 5 de outubro, em Cleveland. Um dos impasses era o debate de 8 de outubro, previsto para acontecer no formato que os americanos chamam de "town-hall meeting" (quando eleitores podem questionar os candidatos). A equipe de Bush não gostou da inclusão de indecisos e disse não confiar no processo de escolha. Algumas pesquisas, no momento, apontam uma clara vantagem para Bush, mas em outras há empate.

Os erros de Bush

O senador John Kerry disse ontem que os erros do presidente George W. Bush ao invadir o Iraque poderão levar a uma guerra sem fim e nenhum comandante-em-chefe responsável teria declarado esta guerra, sabendo que Saddam Hussein não tinha armas de destruição em massa e não constituía uma ameaça iminente para os EUA. "Entretanto, hoje o presidente nos diz que faria tudo de novo, do mesmo modo. Estará falando sério?" disse o candidato democrata, em um discurso na New York University.

"Será que ele quer dizer realmente que se nós soubéssemos que não havia uma ameaça iminente, não havia armas de destruição em massa, nem vínculos com a Al-Qaeda, os EUA não teriam invadido o Iraque? Minha resposta é não, porque a responsabilidade fundamental de um comandante-em-chefe é tomar uma decisão ponderada e responsável que garanta a segurança dos EUA. A insistência do presidente em reiterar que faria tudo de novo no Iraque é uma clara advertência para o futuro".