Título: BC aplica ligeiro ajuste para cima nas projeções anuais
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/09/2008, Nacional, p. A6

Brasília, 30 de Setembro de 2008 - O Banco Central divulgou ontem o terceiro volume do Relatório de Inflação de 2008, elevando suas projeções de alta dos preços neste e no próximo ano. Agora, as projeções do BC para a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) são de 6,1% em 12 meses ao final de 2008. A taxa fica acima da meta, que é de 4,5%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas abaixo do teto, de 6,5%. A projeção deste novo relatório indica elevação de 0,1 ponto percentual em relação à projeção de inflação presente no relatório anterior, que previa alta de 6%. Para 2009, há perspectiva de convergência para a meta central, com indicação de que a inflação será de 4,8% ao final de 12 meses. O cenário do BC considera a inflação acumulada em 6,3% ao final de 12 meses, no terceiro trimestre de 2008, recuando para 6,1% no último. Para o primeiro trimestre de 2009 a alta seria de 5,7%, caindo para 4,8% no final do próximo ano e a 4,6% no primeiro trimestre de 2010. O relatório de inflação destaca que o desempenho, na margem e nas comparações com 2007, tanto da atividade industrial como do varejo e do Produto Interno Bruto (PIB) evidenciam o desempenho robusto da atividade econômica. Quando se fala de inflação, a crise externa não assusta. "O ritmo de expansão da demanda doméstica continua sendo fator predominante no balanço de riscos para a dinâmica inflacionária." O texto lembra que "em momento no qual o crescimento global arrefece com intensidade maior que a esperada meses atrás, e em que as perspectivas de expansão da economia mundial continuam se deteriorando, o dinamismo do consumo privado vem contribuindo de forma importante para a sustentabilidade da demanda doméstica." O consumo das famílias cresceu 6,7% no primeiro semestre, quando comparado a igual período do ano passado. O relatório lembra que houve aumento da massa salarial real de 5,9% em 12 meses. O texto ressalta também o aumento dos gastos do governo (incluindo o PAC) e de investimentos em geral. Segundo o relatório, mesmo no contexto de uma desaceleração da economia mundial maior do que se antecipava, neste e no próximo ano, e da maior volatilidade que vem caracterizando os mercados globais desde meados de 2007, a combinação de lucratividade e confiança elevadas, associada a condições de financiamento favoráveis, "deve contribuir para a continuidade do desempenho benigno". O BC prevê, perante esse cenário, um aumento mais forte do PIB, de 5% em 2008; ante os 4,8% estimados no relatório de inflação de junho. Questionado sobre a possibilidade de que a crise internacional reduza um pouco a perspectiva de crescimento do PIB brasileiro e que, dessa forma, diminua as expectativas inflacionárias, o diretor de Política Econômica, Mário Mesquita, preferiu resignar-se e responder que "trazer a inflação para 4,5% é perfeitamente factível". O diretor descartou a hipótese de utilizar o compulsório como instrumento para aumentar ou reduzir a liquidez interna e disse que o instrumento de política monetária do BC para manter a inflação sob controle é a taxa Selic. O levantamento foi realizado considerando informações disponíveis até 12 de setembro deste ano, portanto antes do agravamento da crise financeira internacional. O cenário utilizado pressupõe a manutenção da taxa de câmbio na relação de R$ 1,80 por dólar e taxa Selic de 13,75% ao ano. No relatório de julho, o BC utilizava a taxa de câmbio de R$ 1,65 por dólar e Selic de 12,25% ao ano. A projeção considera, para 2008, variação de 4% para os preços administrados, o mesmo índice do relatório anterior. É considerada variação nula nos preços da gasolina e do gás de botijão; 1,10% nos preços da energia elétrica e de 3,5% para a telefonia fixa. Para 2009, há estimativa de que preços administrados por contrato e monitorados subam 4,8%, contra 4,5%, conforme citado no relatório anterior. Em relação à política fiscal, as estimativas consideraram superávit primário de 3,8% do PIB em 2008 e 2009, meta incrementada em 0,5 ponto percentual em relação ao último relatório. Focus O mercado financeiro reduziu pela nona semana consecutiva a estimativa para a inflação, de acordo com o Relatório de Mercado (Focus) elaborado pelo Banco Central (BC) em 26 de setembro. Os analistas reduziram de 6,23% para 6,14% a estimativa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano, dentro da meta fixada pelo governo federal. Em 2009, a projeção do IPCA caiu de 4,97% para 4,90%. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Ayr Aliski)