Título: América Latina ganha com lucro dos bancos
Autor: Ribas, Sìlvio
Fonte: Correio Braziliense, 09/03/2011, Economia, p. 11

Os folgados lucros das instituições financeiras na América Latina em 2010, associados ao aumento de sua capacidade de crédito, consolidaram a recuperação econômica da região. Balanço divulgado ontem pela Federação Latino-americana de Bancos (Felaban) mostra que a rentabilidade elevada do setor serviu de base para atrair investimentos estrangeiros de longo prazo, além de facilitar a adoção de regras ainda mais rígidas para proteger seus balanços. ¿Não haverá agora e nem no futuro próximo grandes necessidades de aportes, pois a exigência patrimonial na região sempre foi alta¿, comentou o peruano Oscar Rivera, presidente da Felaban. Para ele, a tendência é essa robustez continuar.

Segundo o levantamento da entidade, os bancos regionais revelaram avanço geral de 74% nas suas atividades no ano passado, o que refletiu em um dos melhores desempenhos do mundo em termos de retorno sobre seu capital. Por outro lado, o papel do setor na atração de investidores também se traduziu em compras e fusões de bancos regionais. Esses movimentos, aposta a Felaban, fortalecem as conexões comerciais com a Ásia, sobretudo com a China, que poderá investir em breve no setor bancário da América Latina.

Para Rivera, a América Latina saiu definitivamente fortalecida com a crise mundial (2008-2009). O bom desempenho econômico da região se manifestou com a diversificação das exportações, particularmente as voltadas para os mercados asiáticos. Somado a isso, o bom momento dos preços das matérias-primas, as políticas de estímulo de governos e o escasso aumento da relação entre a dívida e o seu Produto Interno Bruto (PIB) levaram países como Brasil, Chile, Peru, Uruguai e Panamá a receberem a melhor classificação de crédito internacional.

Os números indicam uma estabilidade entre pedidos de crédito e a capacidade do setor em responder à demanda. As instituições também vêm buscando incrementar suas carteiras, fazendo capitalizações para se prevenir de eventuais choques. ¿São notícias muito boas para o equilíbrio do setor, dadas as últimas recomendações feitas pelo Comitê de Regulação Bancária de Basileia, também chamada de Basileia III¿, sublinhou o relatório.

Para este ano, a Felaban acredita que o ressurgimento da inflação, motivada por preços de commodities e até problemas climáticos, obrigará os bancos centrais a adotar medidas para ajustar as condições gerais de circulação de dinheiro na economia. Também há perspectiva de crescimento econômico menor do que 2010. Mas, mesmo assim, a entidade, que reúne 500 sócios de 19 países, vê crescimento do crédito para os setores público e privado.

Carlos Thadeu de Freitas, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), acredita que o balanço da Felaban reflete o peso na região do Brasil, cuja autoridade monetária já vem adotando políticas conservadoras desde os anos 1990, em resposta a turbulências do passado. ¿Sistema bancário capitalizado é o melhor remédio para crises¿, acrescentou ele, descartando a possibilidade de haver bolhas de crédito no país. ¿O governo está atento e já agiu em segmentos que poderiam oferecer riscos, como o de automóveis¿, disse.

Freitas lembra ainda que um fator de estabilização do sistema bancário no país está na própria taxa elevada de juros, alimentada pelo governo federal e fator importante de lucratividade. ¿O crédito ainda tem espaço para crescer de forma sustentável¿, finalizou.

Cotação do petróleo recua » O preço do barril do petróleo brent, negociado em Londres e referência na Europa, fechou ontem em baixa de 1,72%, cotado a US$ 113,06, em razão de informações que apontam para aumento da produção de membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para compensar queda nas vendas da Líbia, seguindo decisão da Arábia Saudita. Em Nova York, a notícia fez a cotação do barril recuar 0,39%, para US$ 105,02.