Título: Alta do petróleo derruba bolsas
Autor: Caprioli, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 10/03/2011, Economia, p. 18

Bombardeios na Líbia fazem barril subir 2,54% e a bolsa paulista cair 1,1%. Incertezas sobre a Arábia Saudita pioram cenário O recrudescimento dos conflitos na Líbia pressionou novamente o preço do barril do petróleo no mercado internacional, arrastando para baixo as principais bolsas de valores do mundo. Ontem, a aviação militar líbia efetuou novos bombardeios em instalações petrolíferas, mantidas em poder de rebeldes na cidade de Ras Lanuf, a leste da capital Trípoli (leia mais na página 24). O ataque elevou o temor em relação ao abastecimento mundial, levando o petróleo do tipo Brent, negociado em Londres, a encerrar o dia com alta de 2,54% em relação ao pregão anterior. No Brasil, a conjuntura refletiu diretamente na queda do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), que encerrou o dia aos 67.263 pontos, 1,10% abaixo do fechamento de sexta-feira (4 de março).

Além da bolsa brasileira, as europeias foram as que mais sofreram com a piora no cenário externo. Em Londres, o dia foi de perdas de 0,26%, enquanto na Alemanha a queda chegou a 0,46%. Na bolsa paulista, nem mesmo o dia mais curto de negociações, em função da quarta-feira de cinzas, aliviou a queda nos negócios. Os conflitos na Líbia influenciaram as ações da Petrobras, que encerraram o dia com recuo de 1,82%, cotadas a R$ 28,55.

Ameaças Para o estrategista-chefe do banco WestLB, Roberto Padovani, nos próximos dias as oscilações no preço do petróleo devem continuar ditando a movimentação das bolsas tanto no Brasil quanto no cenário externo. ¿Há uma percepção global, bastante correta, de que se o custo do insumo continuar alto, aumentarão também as ameaças ao crescimento da economia. Por isso, há essa relação entre alta do petróleo e queda das bolsas¿, avaliou.

A notícia de que o governo cobra da Vale uma dívida de cerca de R$ 4 bilhões referentes a royalties de minério de ferro também deixou os investidores apreensivos. Os papéis preferenciais da mineradora registraram perdas médias de 2,96%, negociados a R$ 47,60. Com os maiores pesos individuais entre as companhias listadas na bolsa paulista, as duas empresas responderam pela queda do índice.

Em contrapartida, as ações das companhias de cartão de crédito evitaram um recuo maior no Ibovespa. A Cielo, operadora da bandeira Visa, liderou os ativos que mais cresceram no pregão de ontem, com alta de 3,59% em suas ações, cotadas a R$ 13,85. Os papéis da Redecard também figuraram entre as maiores altas, com valorização de 2,59%, negociadas a R$ 22,57.

Dia da ira A Bolsa de Nova York também fechou em baixa no pregão de ontem, apesar de ter sofrido menos que as demais. Seu principal indicador, o Dow Jones, recuou 0,01%. A ausência de notícias locais nos Estados Unidos levou o mercado americano a seguir a tendência internacional. Ao contrário do petróleo negociado em Londres, porém, o preço do insumo em Wall Street encerrou o dia com queda de 0,61%.

A situação no mercado de petróleo internacional deve ficar ainda mais incerta a partir de sexta-feira, data aguardada como o ¿dia da ira¿ na Arábia Saudita, principal produtora de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O órgão multilateral afirmou não ter um plano de contingência para enfrentar uma eventual redução da oferta do produto em escala global. ¿Se os conflitos já existentes forem resolvidos, a situação deve melhorar, com rápida queda de preços. Mas enquanto isso não ocorre, o mercado de petróleo ficará a reboque desses acontecimentos políticos¿, completou Padovani.

Baixa na estreia As ações da International Meal Company (IMC), grupo que controla as redes de restaurantes Viena e Frango Assado estrearam com perdas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa). Ontem, os ativos negociados pela primeira vez tiveram queda de 0,07%, saindo do preço de lançamento de R$ 13,50 para R$ 13,49. A cerimônia oficial da estreia foi mantida para hoje.

Exxon tira proveito » A Exxon Mobil vai elevar a produção de petróleo nos próximos cinco anos e investir em projetos que demandam mais recursos e inovação tecnológica, como a exploração em areia betuminosa, no Canadá. As buscas por novas fontes de extração e mais investimentos na produção petrolífera é motivada pelas incertezas políticas nos países árabes ¿ os maiores exportadores mundiais do produto. No fim do ano passado, a companhia já havia empregado US$ 30 bilhões na compra da XTO Energy, empresa especializada na retirada de gás natural do xisto (tipo de rocha). O orçamento anual da petrolífera nos próximos anos deve aumentar da faixa média de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões para um nível entre US$ 33 bilhões e US$ 37 bilhões.